Para Francisco Gonzaga, ao lado do presidente da Câmara, Salmito Filho, o espaço oferecido pela Casa contribui para democratizar os debates
( Foto: Fabiane de Paula )
O candidato à Prefeitura de Fortaleza Francisco Gonzaga (PSTU) foi o primeiro dos oito postulantes ao cargo de prefeito a apresentar, na Câmara Municipal, seu Plano de Governo e ser sabatinado pelos vereadores a respeito das suas propostas, caso seja eleito prefeito da quinta maior capital do País. Ontem, o candidato teve 30 minutos para expor seu projeto. Em seguida, foram dados três minutos a cada vereador que quisesse fazer perguntas e estas foram respondidas em meia hora. Réplicas e tréplicas não foram permitidas.
Gonzaga chegou à Câmara às 10h, horário agendado para iniciar a exposição. Antes de entrar no plenário, foi recepcionado no gabinete da presidência pelo próprio presidente da Casa, vereador Salmito Filho (PDT), com quem conversou por cerca de 15 minutos. Salmito abriu a apresentação explicando que a dinâmica tem como objetivo permitir que cada candidato a prefeito possa expor suas ideias com um pouco mais de tempo do que é dado em debates.
“Na Câmara, cada um terá o seu tempo para apresentar as ideias, seus projetos e programa para os vereadores e população, que pode acompanhar através dos veículos de comunicação”, disse o presidente.
Francisco Gonzaga defendeu que seu projeto consiste em transformar o município em uma “Fortaleza para os trabalhadores”. Na apresentação, o candidato destacou ser importante o espaço democrático oferecido a todos os candidatos. “A Câmara encampa essa luta de democratizar os debates, diferente do que a legislação oferece”.
Ele classificou o programa do PSTU como projeto de rompimento com a lógica de governo hoje existente no País. “Em Fortaleza ela não é diferente, e privilegia os mais ricos da cidade. Do jeito que era não dava para ser diferente. Não dá para agradar dois lados. Mas nós vamos fazer diferente e, logo no primeiro dia que assumirmos o governo, vamos fazer uma convocação para que os trabalhadores participem dessa construção”, argumentou.
Reforçando que o povo precisa fazer parte de todas as decisões de uma gestão municipal, Gonzaga também expôs que, embora a Câmara seja chamada de “Casa do Povo”, ao povo só resta o direito de votar e escolher quem irá trabalhar nela. “O que justifica o salário absurdo que um vereador recebe se comparado com o que é pago àqueles que o elegem?”, criticou.
Transporte coletivo
Nas propostas, o postulante sintetizou o que apresentou à Justiça Eleitoral ao fazer pedido de registro de candidatura. O transporte coletivo, para ele, deve ser retirado das mãos do empresariado e entregue ao Estado. “Não podemos chamar de transporte público se não garante a acessibilidade aos trabalhadores desempregados e aos estudantes. Precisamos estatizar, sem indenização aos empresários que recebem incentivos enquanto o trabalhador não tem condição de pagar o transporte, muitas vezes feito de maneira inadequada”.
Na área da Segurança Pública, disse não haver lógica em apostar em mais armamento. “Esse é um conceito falido que reforça a repressão aos trabalhadores”, defendeu. “Segurança está diretamente ligada à Educação, que não se faz só com novas salas de aula. É preciso garantir mais qualidade de vida aos professores e acesso dos alunos à ciência avançada. Tem estudante que sai do Ensino Médio sem qualificação e se vê obrigado a trabalhar seja no que for”.
Já a solução para o grande número de desempregados em Fortaleza, apontada por Gonzaga, seria desenvolver programas de obras públicas. “São quase 230 mil pessoas sem emprego em Fortaleza. Se apostarmos em ampliar o número de obras, como a construção de postos de saúde e investir em saneamento básico, significa assegurar fonte de renda a esses trabalhadores”, disse o socialista. “Por nossas propostas, muitos nos chamam de radicais, mas o fato de não estarmos ao lado da burguesia não é ser radical”, completou.
Poucos ouvintes
O candidato do PSTU falou para poucos vereadores. De 43, a presença em plenário oscilou de seis a 12, número dos que fizeram perguntas a Francisco Gonzaga. Habitação, Segurança, Saúde e Moradia foram os principais temas pautados. Chamaram atenção ligações feitas diretamente com o atual gestor municipal, Roberto Cláudio (PDT), ou com a ex-prefeita Luizianne Lins (PT), em algumas questões.
Perguntas do tipo “obras importantes como a construção de viadutos, areninhas, corredores exclusivos, postos de saúde e escolas serão mantidas por sua gestão caso seja eleito?”, foram feitas por seis dos 12 que interrogaram o postulante. Houve também questionamentos sobre como seria, em eventual gestão, a relação entre servidores municipais, Prefeitura e empresariado e outros assuntos.
De acordo com Salmito Filho, a agenda de sabatinas continua na próxima quinta-feira (1º), quando irá à Câmara Municipal o candidato do PRB, Ronaldo Martins. Em seguida, no dia 8, será a vez de Roberto Cláudio (PDT). Heitor Férrer (PSB), por sua vez, fala no dia 15 e, cinco dias depois, Luizianne Lins fará a sua exposição. Os três últimos serão Tin Gomes (PHS), no dia 22 de setembro, Capitão Wagner (PR), no dia 27, e João Alfredo (PSOL) no dia 28. A ordem das sabatinas dos candidatos na Câmara foi definida em sorteio realizado no último dia 12.