Para onde se encaminhará a campanha
As primeiras pesquisas são muito mais indício de como a campanha irá se desdobrar do que projeção de quem irá vencer. Há muita estrada pela frente. E as pesquisas sinalizam como ela será percorrida. A principal interrogação lançada pela pesquisa O POVO/Datafolha é sobre como irão se comportar Capitão Wagner (PR) e Luizianne Lins (PT). O prefeito Roberto Cláudio (PDT) larga na frente. Wagner e Luizianne vêm atrás. Irão o capitão e a petista escolher o líder como alvo de suas críticas na campanha, como forma de enfraquecê-lo? Ou irão Wagner e Luizianne confrontar um ao outro? Irão mirar no adversário direto que o Datafolha aponta na briga pelo segundo turno?
Caso Wagner e Luizianne priorizem a disputa entre eles, é possível que Roberto Cláudio deslanche na dianteira. E, quem sabe, na briga interna abram margem para que Heitor Férrer (PSB) se aproxime na briga pelo lugar no segundo turno.
Por outro lado, seria arriscado perder de vista quem é o adversário imediato de cada um deles no atual momento da disputa. Caso um deles decida polarizar com Roberto Cláudio, por exemplo, corre o risco de deixar margem para o adversário direto crescer e, quem sabe, assegurar a vaga no segundo turno.
Os próximos dias mostrarão a estratégia dos candidatos.
DISPUTA PELO SEGUNDO TURNO
O melhor resultado para Roberto Cláudio nem é na pesquisa estimulada, na qual tem sete pontos percentuais de vantagem sobre Capitão Wagner. A melhor notícia é na espontânea, na qual tem percentual igual ao da soma de todos os outros nomes citados. Tem 17% das intenções de voto. Luizianne tem 6% e Wagner, 5%. Maior parcela de eleitores do atual prefeito já tem voto definido. Têm o nome do candidato na ponta da língua. Há uma campanha inteira pela frente e muita coisa pode mudar. Mas, a considerar que a pesquisa tenha captado o real sentimento do eleitor, é bastante improvável que Roberto Cláudio não esteja no segundo turno. Quem seria o adversário mais provável?
Capitão Wagner tem algumas vantagens nessa briga. E não é o percentual de votos ligeiramente acima do de Luizianne na pesquisa estimulada. Tecnicamente, eles estão empatados. Talvez a maior vantagem de Wagner seja o tempo no horário eleitoral. É maior entre todos os candidatos, inclusive que o do atual prefeito. Vinte segundos a mais que Roberto Cláudio pode não parecer grande coisa. Não era quando havia 30 minutos de horário eleitoral para prefeito. Com 10 minutos divididos entre todos, 20 segundos podem fazer diferença. A vantagem dele sobre RC é igual ao tempo de João Alfredo (Psol) e Francisco Gonzaga (PSTU) somados.
Mas, pelo panorama da pesquisa, a mira de Wagner não é tanto em Roberto Cláudio. Salvo mudança de rumos — que é possível e para a qual há bastante tempo, ressalte-se — ele precisa se comparar a Luizianne e, mais remotamente, Heitor Férrer. E aí é um massacre em tempo de rádio e TV. São dois minutos a mais, bem mais que o dobro. E, em relação a Heitor, Wagner tem o triplo do tempo. Em tese, sua condição é bastante favorável.
Apesar da desvantagem teórica, Luizianne merece ser observada. Está na briga, com todo desgaste de oito anos de gestão, da crise do PT, da falta de alianças, da falta de adesão do governador, que pertence ao seu partido. É boa de palanque e tem apoio do cabo eleitoral que mais agrega voto — Luiz Inácio Lula da Silva (PT). São armas das quais precisará para enfrentar as muitas desvantagens.
MARGEM PARA CRESCER
Outro fator, na teoria, favorável a Wagner para ir ao segundo turno é a rejeição. A de Luizianne é a maior de todas, empatada tecnicamente com Roberto Cláudio. Do trio de cima, Wagner tem melhor situação. E é, também, o menos conhecido. Luizianne e RC, pelas passagens pela Prefeitura, têm índices de conhecimento próximos a 100%. Em tese, ser menos conhecido é sinal de que o candidato tem mais margem para crescer. Porém, com menos tempo de campanha, quem for muito desconhecido periga terminar a campanha sem que muitos eleitores saibam da existência.
Se essas são vantagens para Wagner, são ainda mais para Heitor. Ele tem menor rejeição e é menos conhecido – em diferenças sempre dentro da margem de erro em relação ao Capitão. O problema para o candidato do PSB, conforme ressaltado, é de fato o tempo.
3 MIN
e 24 segundos
é o tempo do Capitão Wagner no horário eleitoral
1 MIN
e 24 segundos
é o tempo de Luizianne no rádio e na TV
51
segundos
é o tempo de propaganda de Heitor Férrer