Capitão Wagner (PR) já declarou ter recebido R$ 815 mil para a campanha. Eleitor pode acompanhar prestação de contas pela página do TSE
( Foto: Helene Santos )
Passada uma semana do início da campanha deste ano, nas ruas de Fortaleza a população tem visto poucas propagandas, principalmente impressas, dos postulantes ao pleito municipal. Além de estarem mais comedidos por conta da nova legislação eleitoral, a maioria dos candidatos a prefeito da capital cearense não esconde que tem faltado o volume de recursos necessário à aquisição de materiais.
As gráficas não querem trabalhar para receber depois, e os depósitos nas contas dos candidatos, segundo os entrevistados pelo Diário do Nordeste, ainda estão muito escassos. Em alguns casos, não houve repasse por parte dos partidos, e aqueles que ainda não conseguiram recursos para a disputa têm feito poucas incursões nas ruas, e sem material para distribuir ao eleitor. Outros pedem ajuda a correligionários e amigos para aumentarem a presença na cidade.
Heitor Férrer, do PSB, que está coligado com a Rede Sustentabilidade, informou que está em "escassez total" de recursos. "Não recebi nada ainda, talvez venha do Fundo Partidário", disse, destacando que, na tarde de ontem, o presidente estadual do PSB, Danilo Forte, iria até a sede nacional da sigla para saber da disponibilidade de tais recursos.
O pessebista fez uma comparação de sua candidatura com a do prefeito Roberto Cláudio (PDT), que, segundo ele, conseguiu mais recursos pelo fato de ser titular, o que facilita as doações de pessoa física, bem como ajuda financeira de 18 partidos.
Nas ruas, poucas são as pessoas fazendo "bandeiraço" ou distribuindo material de campanha dos oito postulantes a prefeito. Nas caminhadas que os candidatos têm feito pela cidade, também é escassa a quantidade de produtos ligados aos concorrentes. A campanha de Roberto Cláudio é a que mais tem se destacado, com presença em quase todos os pontos da Capital.
Ronaldo Martins (PRB), conforme informou, tem se limitado à distribuição de santinhos, ainda de forma comedida. Ele já declarou à Justiça Eleitoral ter recebido R$ 225 mil da direção nacional do partido.
Gráficas
Postulantes também têm tido dificuldades com as gráficas que não estão atendendo a demanda que solicitam. João Alfredo, do PSOL, informou que ainda não tem papel para distribuir aos eleitores, e isso tem sido comum entre os candidatos. Somente Roberto Cláudio se antecipou e, nas ruas da cidade, podem ser vistos "bandeiraços", carros de som e folhetos do prefeito.
"A crise e as novas normas atingiram algumas candidaturas. O que se esperava era que as campanhas tivessem menos volume, pelo menos no primeiro momento, até por causa da dificuldade de arrecadar recursos", disse Ronaldo Martins.
Candidato a vice-prefeito pelo PT, Elmano de Freitas afirmou que há dúvidas sobre a nova legislação e, por isso, muitos apoiadores se sentem inseguros. Ele acredita que, com o passar dos dias, a situação vai melhorar. "Além disso, há o peso causado pelo processo de criminalização da política que estamos vivenciando", apontou. O petista ressaltou, ainda, que a campanha de Luizianne Lins é feita pela militância, e não "composta de pessoas contratadas, pagas".
Apesar de ter prestado contas com a Justiça Eleitoral, declarando já ter recebido R$ 815 mil para a campanha, Capitão Wagner (PR) ressaltou que tem pouco material e poucos recursos para contratar militantes. Segundo ele, a campanha precisa cumprir uma série de requisitos, e por isso não adianta "colocar pessoal na rua" sem previsão de recursos na conta. "Primeiro, temos que prestar contas. Estamos tendo muita cautela para não cometermos nenhum deslize. Vamos ter carro de som quando tivermos recursos", disse.
Amanhã, o candidato do PR inaugura seu comitê e, a partir de quinta-feira (25), deve intensificar presença nas ruas de Fortaleza. Dos R$ 815 mil arrecadados, explica ele, boa parte foi para pagamento da produtora que produzirá os programas eleitorais, bem como para gráfica. PMDB e PSDB, que compõem a coligação, devem disponibilizar recursos nos próximos dias.
Fiscalização
Para João Alfredo, diante da nova norma para utilização de recursos nas campanhas, é importante que a Justiça Eleitoral analise as candidaturas que estão indo às ruas da Capital. "Há uma ostentação da campanha do prefeito, como se não tivéssemos mudado a legislação eleitoral. Isso precisa ser apurado".
Já Tin Gomes (PHS) projeta que a única candidatura que poderá se comparar a de Roberto Cláudio é a de Capitão Wagner. Segundo ele, o prefeito tem a máquina e partidos fortes a seu lado, o que lhe permite apresentar candidatura com mais recursos. "A minha é franciscana, tenho que correr atrás de tudo. Ainda estamos no começo e acredito que, daqui para a frente, vamos fazer uma campanha mais forte", disse ele, que deve inaugurar comitê na sexta-feira.
O postulante do PHS informou ainda que, para conseguir recursos para a campanha, tem visitado amigos e realizará um jantar para promover a candidatura e conseguir recursos. "Estamos fazendo campanha de um lado e tentando angariar recursos com amigos de outro. Essa é a nossa dificuldade", frisou.