O mal do “vice decorativo” não deve permear a eleição em Fortaleza. Antes concentrado apenas na cabeça de chapa, o holofote eleitoral tem iluminado novos personagens na disputa ao Paço Municipal.
Nos primeiros dias de campanha, candidatos a vice têm percorrido as ruas da Capital cearense para pedir votos, substituindo, em muitas oportunidades, a presença do titular.
A estratégia tem sido utilizada principalmente pela candidata Luizianne Lins (PT) e pelo prefeito Roberto Cláudio (PDT). Escolhidos como forma também de fortalecer a candidatura, Elmano de Freitas (PT) e Moroni Torgan (DEM) têm ganhado ar de autonomia durante participação da campanha sozinhos representando a chapa majoritária.
“No meu caso, o papel do vice é colaborar com a candidatura da companheira Luzianne, seja no debate programático, seja nas propostas, do ponto de vista do debate político geral e das estratégias de campanha”, disse Elmano que fez caminhada ontem na Granja Lisboa na ausência da ex-prefeita que cumpre expediente na Câmara dos Deputados.
Apesar das atividades na Câmara, o deputado federal Moroni Torgan tem deixado as agendas em Brasília de lado para impulsionar a campanha do prefeito Roberto Cláudio na periferia de Fortaleza. Agenda divulgada ontem pelo perfil oficial de RC aponta pelo menos quatro atividades do parlamentar na periferia — onde possui maior apelo eleitoral.
O peemedebista Gaudêncio Lucena, atual vice-prefeito, acompanha o candidato Capitão Wagner (PR) em todas as atividades diárias em busca do apoio popular no pleito de outubro.
“O Capitão tem dito que quer que a minha experiência administrativa de empresário seja utilizada com uma participação efetiva na gestão. Ele não quer é que o vice seja apenas uma figura decorativa, e que seja renegada ao segundo plano”, disse.
Também acompanhando o candidato Heitor Férrer (PSB) nas atividades diárias de campanha, o vice Dimas Oliveira (Rede) ressalta a condição “secundária” do vice em momentos oportunos, mas que o papel de protagonismo deve surgir quando o momento exigir, como, por exemplo, na orientação da prática de políticas “corretas” e na condução programática da agenda de governo.
“Se você na realidade apoia uma política correta, você está protagonizando. É muito importante porque quando a população se dirige ao candidato, ela está absorvendo o vice também”, afirma o candidato, que tem caminhado no Centro da Cidade com o deputado estadual Heitor Férrer.
SAIBA MAIS
Já no primeiro dia de campanha, e em tom de humor, Heitor Férrer (PDT) afirmou que dará “muito trabalho ao vice para ele (Dimas Oliveira) não pensar em conspirar contra o gestor titular”.
“O vice não pode ficar como figura decorativa. Não vou subutilizar um vice que tenho com todo o seu potencial para me ajudar a administrar bem a cidade”, disse Heitor.
Nas últimas gestões na Capital a relação política entre o titular e o vice tem tradicionalmente sido interrompidas. O último exemplo é o fim da aliança entre Roberto Cláudio e Gaudêncio Lucena. A ex-prefeita Luizianne Lins rompeu com Carlos Veneranda no primeiro
mandato e com Tin Gomes na segunda gestão.
O deputado estadual Elmano de Freitas (PT) afirmou que sua aliança com a ex-prefeita Luizianne Lins (PT) é justificada por uma questão de “afinidade política e ideológica”. O parlamentar integrou a equipe da petista na administração petista em Fortaleza.
Tanto Moroni Torgan como Elmano de Freitas foram candidatos titulares em chapas majoritárias. O petista em 2012 e o democrata em quatro oportunidades.