O deputado Renato Roseno (Psol) destacou, ontem, durante sessão plenária na Assembleia Legislativa, os 100 dias da greve dos professores da rede pública do Ceará. De acordo com o parlamentar, o direito ao trabalho digno da categoria está sendo violado, os estudantes apenados e o Governador não dá nenhuma sinalização sobre qualquer tipo de negociação.
O parlamentar informou ainda que o Ceará possui 14 mil professores efetivos e seis mil temporários. Desses, 771 têm título de mestrado e apenas 64 têm doutorado, pois são praticamente impedidos de se especializarem, por falta de incentivo.
“Falam que o professor com mais títulos será bem remunerado, mas isso não passa de falácia”, frisou, acrescentando que “ os professores não querem nada mais do que trabalhar de forma digna, levando um bom ensinamento para seus alunos. Mas, com o pior salário do País, sem direito à especialização e uma boa estrutura, é impossível”.
Roseno, por sua vez, cobrou uma postura por parte do governador Camilo Santana (PT), afirmando que, enquanto os alunos continuam sem aula, o Governador não se manifesta e a população acaba ficando contra os professores. “Queremos dignidade para todos os nossos trabalhadores. Como vamos ter professores se não oferecemos bons salários, estrutura e capacitação para os nossos mestres? Eu não quero para o filho do outro aquilo que não quero para o meu. E se quero uma melhor educação, ela precisa do melhor professor”, disse.
Defesa
O líder do Governo na AL, deputado Evandro Leitão (PDT), saiu em defesa de Camilo. Segundo ele, a greve está sendo mantida somente por 25% da categoria e pontuou ações da gestão estadual na área da educação, como o reajuste do ano passado de 13,01 % para todos os professores, bem acima da inflação de 6,41. “Sobre a estrutura física das escolas, R$ 32 milhões já foram liberados para a reforma, além da criação de suprimento de fundos para 700 escolas”, disse.