O publicitário Ricardo Alcântara argumenta que, assim como os políticos, os profissionais de marketing têm buscado se adequar às mudanças
( Foto: Lucas Moura )
Com mudanças na legislação eleitoral que reduziram o tempo de campanha no rádio e na televisão, os candidatos ao pleito deste ano terão que fazer campanhas mais personalistas e investir na criatividade. A mudança nas regras das eleições municipais diminuíram, e muito, os ganhos dos profissionais de marketing político, mas, segundo o publicitário Ricardo Alcântara, ela será positiva para o eleitorado, bem como ao processo eleitoral.
“Sobrou para os publicitários. A conta é nossa, e dos políticos também. Porque eles dependem dessa estrutura. Com a redução do programa eleitoral de televisão, vai se baratear muito os custos de produção. Lógico que vai ser todos os dias, mas estará dentro de um período mais curto. Se um candidato tem um tempo menor, ele vai se concentrar mais no que acha que é essencial”.
No entanto, o profissional acredita que a mudança será benéfica, pois o eleitor terá condições de conhecer melhor quem são os candidatos. “Eu acho que essa legislação diminui muito os ganhos dos profissionais de marketing político, mas apesar de algumas falhas, ela é positiva”.
Segundo ele, quanto às despesas estruturais, uma campanha eleitoral tem custos que são permanentes, seja para uma propaganda de três ou vinte minutos. A estrutura de produção de um candidato é muito grande com diversos equipamentos e profissionais envolvidos. “Uma campanha de três minutos, por exemplo, tem que ter duas equipes, e tem que haver uma redução de custos. Os próprios profissionais da área estão dispostos a trabalhar com valores muito menores, eles estão procurando se adaptar”, afirmou.
Outro aspecto colocado por Ricardo Alcântara diz respeito à crise de financiamento dos comitês, visto que até os empresários com patrimônio elevado, e que podem financiar campanhas como pessoa física, estão cuidadosos. “Os empresários têm clara noção de que qualquer ato irregular pode resultar em prisão. Há uma crise estabelecida, e não há recursos disponíveis na medida necessária. Mas a campanha vai ter que ser feita”, disse.
Para o publicitário, os postulantes que tiverem bom desempenho de imagem, sejam mais conhecidos pela população e não tenham a imagem comprometida do ponto de vista ético terão mais possibilidades de se consagrarem vitoriosos durante as campanhas eleitorais de 2016. Ele apontou que, dos oito postulantes a prefeito em Fortaleza, ao menos cinco se encaixam nos requisitos apresentados: Roberto Cláudio (PDT), Luizianne Lins (PT), Capitão Wagner (PR), Heitor Férrer (PSB) e João Alfredo (PSOL).
“ Como é uma campanha com poucos recursos, ela se centrará no bom desempenho de imagem, e todos esses têm”, opinou Ricardo Alcântara.
Estratégias
Com a redução do programa eleitoral em rádio e televisão, segundo disse, os custos de produção serão barateados. O publicitário pondera ainda que, ao saber que o tempo para convencer o eleitor do seu voto é mais curto, o discurso do postulante será o mecanismo mais utilizado nas campanhas, em detrimento das grandes produções de pleitos anteriores, quando se investia muito em propagandas “fantasiosas”.
A proibição de efeitos especiais e de outras características de propagandas passadas, na opinião de Alcântara, tendem a mudar os rumos das apresentações dos políticos daqui para frente. “Com um programa mais curto, se dará mais atenção ao texto”, defendeu.
Também será fundamental para o postulante, segundo ele, a “boa exposição de sua imagem na tela”. De acordo com o publicitário, o novo modelo vem para “desmascarar os mistificadores”, pois muitas vezes os programas serviam para “mascarar” ou esconder o candidato em meio a jingles, animação eletrônica e efeitos especiais.