Com menos pirotecnia mas com forte engajamento da militância, o PR e aliados referendaram, ontem, a candidatura de Capitão Wagner (PR) numa convenção marcada por discursos de “unidade” para transformar Fortaleza.
Wagner concorrerá numa chapa formada pelo PMDB, PSDB, PR e Solidariedade, tendo o atual vice-prefeito Gaudencio Lucena, como aliado de chapa. “Percorri a cidade e vi as dificuldades, anseios e desejos da nossa população. E, pude constatar, sem sombra de dúvida, que vivemos num cidade com duas Fortaleza: uma rica e uma pobre”, disse Gaudencio na abertura de seu discurso.
O peemedebista também teceu críticas ao prefeito Roberto Cláudio, afirmando que o pedetista só trabalha para se reeleger. “Temos visto, ultimamente, um prefeito que se elege para administrar, mas que, na verdade, só trabalha em prol do povo nos últimos noves meses do governo, porque pensa exclusivamente na sua reeleição. E agora, vemos uma cidade maquiada na cidade e nas ruas”, em referência direta à atual administração. Gaudencio rompeu com RC por conta da disputa para o Governo do Ceará, em 2014, quando Cid Gomes se negou a apoiar a candidatura de Eunício Oliveira ao Palácio da Abolição. Desde então, os grupos travam uma intensa disputa.
A avaliação de Gaudencio foi feita por outros oradores, como os senadores Eunício Oliveira (PMDB), Tasso Jereissati (PSDB) e o deputado federal Genecias Noronha (Solidariedade). Genecias, por sua vez, falou que Wagner tem o apoio de partidos que não se “acovardaram” diante do poder, em referência ao grupo liderado pelos irmãos Ferreira Gomes.
Repetindo o discurso de “unidade”, Eunício Oliveira lembrou que Fortaleza é a segunda cidade mais violenta do mundo. O peemedebista disse, ainda que, em 2014, a capital cearense deu, a ele e Tasso Jereissati, 57% de votos nas urnas e prometeu voltar as ruas para pedir voto a Wagner. Disse ainda que, caso eleito, Wagner terá seu apoio para captar recursos, em Brasília, para desenvolver os projetos prometidos.
Em sua fala, Tasso também repetiu o discurso de união e classificou Wagner de “mudança” e “nova liderança”. O senador criticou o “político interesseiro” e disse que o republicano “se impõe apenas pela sua presença”. “Estamos construindo uma nova liderança com uma forma diferente de fazer política. Com muito mais transparência”, disse, acrescentando ser necessário mudar a forma de fazer política no País, porque, segundo o tucano, “o Brasil, o cearense, está cansado de abrir o jornal e só ver roubalheira de político”. Tasso, porém, evitou chamar o aliado pelo nome de “Capitão”, como ficou conhecido na corrida para o Legislativo.
Vida
Ao discursar, Wagner recordou da sua infância e falou do orgulho do pai, Joaquim Gomes Filho, que vendia doce chamado “martinho da vila” para sustentar a família. Ao falar de familiares, ele se emocionou e disse ter vendido “dindin” com a irmã pelas ruas do bairro João XXIII para ajudar os pais, que estavam presentes ao evento. Antes de discursar, sua esposa Dayany Bitencourt e seus filhos Raiany e Felipe contaram um pouco do político no convívio familiar. Emocionada, a filha leu uma carta escrita no dia anterior para homenagear o pai.
Proposta
À imprensa, Wagner afirmou que focará suas propostas em saúde, educação e segurança pública. Ele disse que, dentre as prioridades, é colocar para funcionar o que já existe. “O problema é que se constrói mais equipamentos e não tem condições de manter”, disse. A fórmula, segundo ele, sobretudo na aréa da saúde, é priorizar o que já existe como Frotinhas, Gonzaguinhas, Upas e Hospital da Mulher. Sobre o a construção do IJF (Instituto José Frota) 2, Wagner disse que, se quando eleito, a obra estiver avançada não terá como “recuar” e dará continuidade, mas, de acordo com ele, a prioridade não será prometer mais equipamentos, e sim buscar recursos para investir em medicamento, contratação de pessoal e exames médicos.
O republicano disse ainda que, em pleitos anteriores, participou com pouco recursos e, desta vez, não será diferente. Ele aposta na militância como diferencial para divulgar suas propostas. Entretanto, buscará reunir os fundos partidários dos partidos aliados para investir na campanha em rádio e televisão como forma de driblar a falta de recursos.
O candidato também defendeu o armamento da Guarda Municipal para auxiliar a área da segurança pública, desde que após qualificação intensa. “O Raio e o Batalhão de Choque são referência pelo treinamento”, disse.
Mais
Capitão Wagner, por sua vez, minimizou os ataques nas redes sociais, justificando que “já imaginava que os adversários usariam de todos os instrumentos para descredenciar” sua candidatura. O candidato frisou que não partirá para o que chamou de “debate calunioso”.
Na disputa pelo Legislativo
Embora aliados na majoritária, PR, PSDB e PMDB irão separados na corrida ao Legislativo municipal. Ontem, foram homologadas 65 candidaturas a vereador pelo PR. Dentre os cotados Noélio Oliveira, vice-presidente da Associação dos Profissionais da Segurança e o jornalista Alfredo Marques.
Já o PMDB referendou 59 nomes, sendo 17 mulheres e 42 homens. Estão na corrida, a ex-deputada Eliane Novais, Galuber Sindeaux, Jorginho Vieira, Willame Correia, Samuel Marques, filho da vereadora Magali Marques.
O PSDB disputará com 65 candidatos, sendo 20 mulheres e 45 homens. Dentre os cotados estão Pedro Matos, filho do deputado federal Raimundo Gomes de Matos, o empresário Paulo Angelim e Viviane Cerqueira.
O Solidariedade deve definir hoje com quem sairá coligado e indicará dois nomes, um deles o presidente municipal da sigla, Célio Studart.