A crise na segurança e a politização
A Guarda Municipal ameaça entrar em greve no sábado e entidades que representam policiais militares estipularam sete dias de prazo para o Governo do Estado responder às reivindicações. Entre elas, as demissões dos secretários da Segurança e da Justiça. A crise da segurança pública é grave e os profissionais do setor se tornaram os alvos preferenciais. Em paralelo, a proximidade do período eleitoral torna o tema segurança bastante suscetível a aproveitadores.
No domingo, O POVO mostrou, com exclusividade, que a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) investiga possível interesse eleitoral na série de atentados. Se isso ocorrer, é gravíssimo.
Um ponto que deixa todo mundo com a pulga atrás da orelha: ataques à Guarda Municipal. Que raios a Guarda pode ter feito para ser alvo de ataques ordenados de presídios? Hipótese meio estapafúrdia foi levantada. Membros da Guarda acreditam que pode ter sido porque os guardas passaram a multar. Mas tem lá cabimento alguém encarcerado por assalto a banco ordenar atentados porque a mãe ou sei lá quem recebeu uma multa de trânsito? Fosse por isso, a AMC seria alvo de ataques há muito tempo. Realmente, não tem lógica e levanta a desconfiança de que pode ter algo a ver com o fato de as eleições deste ano serem municipais.
Segurança é sempre tema político e precisa ser mesmo. Envolvimento de profissionais do setor com eleição sempre existe em algum grau e, respeitados os limites, é absolutamente normal. Toda campanha tem dezenas de candidatos de corporações policiais. Capitão Wagner (PR) é um dos candidatos mais cotados em Fortaleza. E um dos articuladores do movimento de reivindicação dos policiais ao governo é o deputado federal Cabo Sabino (PR), do partido de Wagner. É democrático que esses segmentos tenham representação, apresentem seus pleitos e se coloquem.
O problema é se a exploração política da violência for além da legítima crítica aos governos. Grupos políticos com inserção na área não têm direito de atuar para que a situação se agrave ainda mais, com mero propósito de desgastar os governantes. Nesse caso, esses grupos estarão se constituindo nos próprios criminosos. Já a hipótese de políticos irem ainda mais longe e estarem eles próprios por trás de ataques, essa me recuso a considerar.
Para ler sobre a investigação de possível interesse eleitoral por trás dos atentados, acesse este link: http://bit.ly/atentadospolitica
Para ler sobre a possível greve da Guarda Municipal, acesse o link: http://bit.ly/guardasgreve
E para ler sobre as reivindicações dos policiais à cúpula da Segurança, acesse:
http://bit.ly/sugestoespm
USO DE ARMAS PELA GUARDA MUNICIPAL FICA MAIS PRÓXIMO QUE NUNCA
Por falar em politização da segurança, uma das grandes polêmicas desta eleição em Fortaleza será sobre o uso de armas pela Guarda Municipal. A liberação nunca esteve tão próxima. A Prefeitura conclui este mês estudo sobre o tema. Os guardas cobram e um dos mais fortes candidatos de oposição, o Capitão Wagner (PR), defende a medida.
Leia a respeito no Blog Política, lançado nesta semana pelo O POVO, como parte da cobertura das Eleições 2016. Acesse no link:
blog.opovo.com.br/politica