Autora de projeto de lei que cerceia ofensas e sátiras contra religiões e seus símbolos, Dra. Silvana (PMDB) voltou a defender sua proposta ontem.
Em debate na Rádio Universitária FM, a parlamentar ressaltou que representa parte da sociedade e que não irá se calar diante do que chamou de “ditadura do grito” de segmentos críticos à proposta, como o LGBT.
“Não se pode ridicularizar a fé alheia. Sua liberdade termina onde começa a do outro”, disse a deputada no programa “Rádio Debate”, apresentado pelo jornalista Marcos Robério. Também participou da discussão o ator e jornalista Ari Areia, que contestou a deputada. “Parece muito bonito esse discurso, mas é extremamente perigoso, porque envolve silenciamento”, contrapôs.
Areia destacou que, apesar de afirmar ser vítima de “ditadura” e perseguição, a deputada tem atuado para “impor sua leitura sobre o que é ofensa e liberdade sobre toda a sociedade cearense”. O ator lembrou, por exemplo, que a deputada já atuou pela remoção de trechos que previam o combate à homofobia no Plano Estadual de Educação.
Segundo o projeto de lei, estariam proibidas manifestações que promovam a “satirização, ridicularização ou toda e qualquer forma de menosprezar dogmas e crenças de toda e qualquer religião”. Além de multa de R$ 370 mil, a lei também prevê impedimento de autuados de realizar eventos que necessitem de autorização do poder público por até cinco anos.
A proposta da deputada foi apresentada após polêmica envolvendo o monólogo teatral Histórias Compartilhadas, idealizado e protagonizado por Areia. Um dos trechos da peça, na qual o ator derrama o próprio sangue na imagem de Cristo crucificado, provocou polêmica e foi questionado pela Comissão de Liberdade Religiosa da
OAB-CE.
Após questionamentos sobre a legalidade do projeto e sua aplicabilidade, bem como acusações de que a proposta seria “ditatorial”, os ânimos se acirraram e o debate acabou se transformando em bate-boca.
“O povo evangélico está muito feliz de ter alguém que tenha coragem de dar um basta na ditadura do grito (...) Eu sou a deputada aqui. Quem faz a lei sou eu. Ponto para mim”, disse
Silvana. “O poder emana do povo”, rebateu Areia. “Ponto pra mim de novo”, respondeu a deputada.