Tin Gomes, pré-candidato do PHS, aponta que o fim da crise política nacional evitaria que as eleições se tornem campos de batalha
( Foto: Bruno Gomes )
Os pré-candidatos ao pleito municipal deste ano, em Fortaleza, estão apreensivos com a possibilidade de a eleição de outubro ser uma das mais violentas entre as militâncias políticas devido ao acirramento dos ânimos em nível nacional. Segundo disseram em entrevista ao Diário do Nordeste, caberá aos próprios postulantes apresentar discursos que não inflamem ainda mais as disputas por espaços durante a campanha eleitoral.
Diante de um cenário político nacional em que a presidente da Republica está afastada, com forte possibilidade de sofrer impeachment, e de um governo interino em que três ministros já caíram devido a denúncias de corrupção, os ânimos se tornam cada vez mais alterados. Há ainda uma situação crítica da economia brasileira, que leva a uma crise social e política e a uma possível polarização das forças antagonistas durante o pleito.
De acordo com o pré-candidato Ely Aguiar (PSDC), haverá um acirramento muito maior nas eleições deste ano devido à divisão ideológica do País e devido a fatos que vêm ocorrendo em Brasília. Segundo disse, agressões físicas poderão ser presenciadas durante o pleito, o que deve ser alimentado pelas redes sociais. "Elas vão ser responsáveis por alimentar muitas agressões e desqualificar os candidatos. Cabe aí às instituições fiscalizarem e punirem aqueles que se excederem demais".
Para Aguiar, há ainda uma responsabilidade de cada um dos candidatos em se preocupar a apresentar uma plataforma de governo e não incentivar esses confrontos. "Os candidatos devem ter um posicionamento ético. A população quer analisar aqueles que têm algo a oferecer", disse o postulante, projetando também que haverá ações de pessoas marcando encontros pelas redes sociais para confrontos em reuniões e comícios.
Disputa fragilizada
Já Tin Gomes (PHS) opinou que a disputa municipal já começa "fragilizada", tendo em vista a tensão pela qual o País passa devido às questões políticas no âmbito federal. "Todos os dias temos notícia bomba, sempre uma novidade negativa quanto ao Congresso ou ao governo. Isso vai chegar na ponta e vai refletir nas candidaturas", lamentou. Segundo ele, além da tensão, vai haver "muita fragilidade" entre partidos e população.
"Além dos bate-bocas, poderá haver até confrontos. Quem vai ganhar com isso é quem não tem o partido metido em sujeira e tem conduta ilibada", afirmou. Para ele, é importante que a crise política se resolva o mais rápido possível para evitar que as eleições deste ano se transformem em verdadeiros campos de batalha. "Cabe ao Congresso fazer isso, mas a gente sabe que não vai parar. Eu diria que poderíamos fazer uma campanha envolvendo toda a população para ter essa responsabilidade".
Renato Roseno (PSOL) afirmou que tem havido no Brasil uma elevação da intolerância política, o que gerou um clima de ódio muito grande, que tem sido impulsionado pelas redes sociais. "É provável que haja confrontos, porque estamos em uma crise econômica que leva a uma crise social e política", disse. Segundo ele, cabe a todos os candidatos evitar discursos antidemocráticos e antidireitos que não são educativos.
"A gente não tem dúvidas de que isso possa acontecer. Essa indefinição por conta da gestão do País gera uma expectativa nos militantes e esses podem vir a se confrontar, gerando, inclusive, danos à integridade física das pessoas", declarou, por sua vez, Wagner Sousa (PR).
Segurança
O deputado estadual, que é pré-candidato do partido à Prefeitura de Fortaleza, afirmou que o Tribunal Regional Eleitoral (TRE), bem como as forças de segurança do Estado, devem estar preparados para evitar que isso aconteça.
"Nas redes sociais se marcam encontros e conflitos e, pelo calor da disputa, poderemos ter confrontos e isso não é bom nem para os candidatos e nem para a cidade", afirmou. O debate desqualificado, segundo o postulante, pode inflamar os militantes. "Nosso ideal é fazer um debate de qualidade. Esperamos que esse debate tenha espaço e que as pessoas possam ver isso com bons olhos", defendeu.
Presidente do PT em Fortaleza, o deputado estadual Elmano de Freitas afirmou, por outro lado, que, pela configuração das pré-candidaturas colocadas até aqui, o nível do debate deverá ser elevado e isso vai influenciar positivamente na participação dos militantes.
"Se alguém quiser fazer campanha de nível reduzido, os candidatos vão se colocar contra e a população também", defendeu o petista. O partido dele já oficializou a pré-candidatura da ex-prefeita de Fortaleza, que hoje exerce mandato como deputada federal, Luizianne Lins.