A portaria do jornal Diário do Nordeste foi totalmente destruída, na manhã de ontem, por pedradas e pela invasão de manifestantes ligados à construção civil. Segundo testemunhas, a confusão começou por volta das 11h e durou cerca de 15 minutos, causando pânico em muitos funcionários da empresa. Três deles precisaram ser encaminhados ao serviço médico, por estarem se sentindo mal. Apesar do ocorrido, ninguém ficou ferido.
De acordo com o editor-geral do Diário do Nordeste, Ildefonso Rodrigues, que presenciou o ato, houve invasão e depredação do patrimônio, além do risco à integridade física dos funcionários. “Temos tudo documentado, apesar de eles terem jogado pedra nos fotógrafos também. Foi um verdadeiro absurdo e uma atitude abusiva e extemporânea”, afirma.
O assessor jurídico do Grupo Edson Queiroz, Gabriel Eufrásio, diz que a empresa tomará todas as medidas judiciais necessárias à reparação do patrimônio e à responsabilização criminal dos manifestantes. Para o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Secção Ceará (OAB-CE), Valdetário Monteiro, esse tipo de atitude é preocupante. “Não vi nada parecido, no Ceará. Colocar em risco a vida de terceiros para defender um direito seu é inverter a democracia. A OAB fica atônita a uma situação inusitada como esta”.
Valdir Pereira, assessor jurídico do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção Civil da Região Metropolitana de Fortaleza (STICCRMF), diz que o episódio aconteceu quando cerca de 5.500 trabalhadores caminhavam da Praça Portugal em direção à Assembleia Legislativa, pela avenida Desembargador Moreira, e pararam na Praça da Imprensa para se solidarizar com a manifestação dos trabalhadores gráficos, que também estão em greve. “Na ocasião, um dos seguranças do Diário agrediu um dos nossos trabalhadores e o pessoal reagiu. Então, a pressão daquela massa de pessoas sobre a portaria acabou quebrando o vidro. Ninguém jogou pedra”, afirma.
A mesma versão é dada pelo presidente do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Gráficas do Ceará, Rogério Andrade, que diz que os trabalhadores gráficos não participaram do tumulto. Sobre as pedradas, ele afirma que elas ocorreram de ambos os lados.
A presidente do Sindicato dos Jornalistas do Estado do Ceará (Sindjorce), Samira de Castro, diz que o sindicato dos jornalistas é veementemente contra qualquer tipo de violência, mas que é preciso levar em conta a responsabilidade do Sindicato das Indústrias da Construção Civil (Sinduscon-CE) no incidente, já que o impasse entre patrões e empregados permanece há quase um mês. “Violência não se justifica de forma alguma”, declarou. Por quê
ENTENDA A NOTÍCIA
O incidente ocorreu quando os grevistas da construção civil se deslocavam para a Assembleia Legislativa e resolveram parar na Praça da Imprensa para prestar solidariedade à greve dos trabalhadores gráficos.