Segundo Walter Cavalcante (PP), os próximos passos da gestão interina de Michel Temer terão reflexos na competitividade de alguns partidos
( Foto: Bruno Gomes )
Deputados da Assembleia Legislativa acreditam que as eleições deste ano influenciarão no pleito de 2018, uma vez que os líderes estaduais terão participação decisiva durante as disputas municipais. Enquanto alguns parlamentares discordam desta antecipação do calendário eleitoral, outros dizem ser inevitável vislumbrar efeitos que um período eleitoral tem em outro.
“Toda eleição bate esteira com a seguinte. A eleição municipal sempre é o começo da disputa estadual. Se o Governo constituído, hoje, consegue que o prefeito Roberto Cláudio tenha reeleição assegurada, que seus aliados nas grandes cidades tenham reeleições, já se forma um exército que o fará mais forte que os adversários”, disse o deputado Roberto Mesquita (PV).
Segundo ele, no entanto, o resultado vai depender de uma série de fatores, principalmente os externos, devido a conjuntura nacional. Para Mesquita, os senadores Tasso Jereissati (PSDB), Eunício Oliveira (PMDB) e os ex-governadores Ciro e Cid Gomes serão cruciais na disputa deste ano, bem como novas lideranças políticas, dentre elas Wagner Sousa (PR) e Heitor Férrer (PSB). “Todas essas pessoas têm influência no pleito, pois têm respeito do povo e vão ser decisivas na campanha”, assegurou.
Heitor Férrer, pré-candidato à eleição pelo PSB, afirmou que as lideranças maiores do Estado têm visto Wagner Sousa como o melhor nome para a disputa neste ano, visto que pode ser um apoio para eles em 2018.
“O PMDB visualiza ele como um ótimo nome, mesmo tendo um bom quadro, que é o deputado federal Vitor Valim”. Segundo o parlamentar, há a possibilidade de Tasso concorrer ao Governo do Estado, bem como Eunício Oliveira, mesmo este último estando no fim do seu mandato de senador. Em ano eleitoral para disputa de prefeito, lideranças jogam olhos em algumas candidaturas, pois pensam nas disputas para o Governo do Estado. “Quem tiver a Prefeitura de Fortaleza já vai com uma passo à frente”, disse Férrer.
Legislativo
Já Silvana Oliveira afirmou que muitos deputados estão preocupados com as eleições deste ano, uma vez que serão decisivas para seus retornos ou não ao Legislativo Estadual em dois anos. Para ela, as ações do Governo provisório de Michel Temer vão dar o tom das eleições em 2016 e 2018, uma vez que acredita que o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff é irrevogável. “As novas lideranças terão também um tom expressivo nesse processo. É possível até que o pré-candidato Capitão Wagner puxe o apoio do PMDB”, ressaltou a peemedebista.
Parlamentares têm colocado seus nomes como pré-candidatos ao pleito de 2016 em diversos municípios do Estado, e acumulam a função no Legislativo com a construção de suas candidaturas no Interior. Estes deputados também querem o apoio de suas respectivas lideranças para manterem alianças para 2018.
Alguns municípios são prioritários para o PDT, no Ceará, como Sobral, Juazeiro do Norte e Fortaleza e, segundo disse o deputado Sérgio Aguiar (PDT), em alguns momentos será inevitável a “estadualização” de um posicionamento eleitoral por parte dos candidatos a prefeito, que anteciparão o debate de 2018.
“Lideranças municipais vão querer levar esse tema para o palanque para que haja comprometimento com as lideranças estaduais para seus projetos”, disse ele. Cid e Ciro Gomes, conforme informou, terão papel preponderante no PDT durante as eleições municipais. No entanto, o parlamentar afirmou ser importante evitar a pré-eleição de 2018, mesmo sabendo que a campanha deste ano vai se direcionar para um caráter mais ou menos nesse sentido.
Governo Federal
Já Walter Cavalcante (PP) acredita que o comportamento do Governo Michel Temer, caso saia da interinidade e fique em definitivo no comando do País, vai ter reflexo nacional. “Se o Governo Federal tiver algum tipo de ação que venha fazer a economia crescer, vai ter um reflexo positivo muito expressivo”, disse. Para o progressista, a situação dos prefeitos é muito difícil, com falta de recursos, principalmente dos oriundos de emendas federais.
Segundo ele, aqueles gestores que estiverem realizando uma gestão equilibrada não necessitarão de lideranças políticas. No entanto, Cavalcante ressaltou que o ex-governador Cid Gomes vai ter muitas influências nas eleições, assim como o senador Eunício Oliveira, visto que provou ter competitividade para influenciar votos em alguns municípios. Outros que, na opinião dele, serão decisivos nas disputas são Camilo Santana, Ciro Gomes, o prefeito Roberto Cláudio e o pré-candidato à Prefeitura de Fortaleza, Wagner Sousa.
“A eleição de agora vai ser um divisor de água. Se o Michel Temer estiver bem, a probabilidade de ter competitividade será ainda maior entre PMDB, PT e PDT. No entanto, o Governo Camilo está fazendo uma coisa importante, que é dialogar com as pessoas. E isso também influenciará nesse processo”, avaliou.