Antes da abertura da sessão de ontem, na Assembleia Legislativa, o presidente da Casa, José Albuquerque (PDT), pronunciou-se acerca das recentes nomeações de ministros realizadas pelo presidente da República interino Michel Temer. O deputado ressaltou que não houve nenhum ministério destinado ao Estado do Ceará, e criticou o número de cargos do primeiro escalão ofertados ao Estado de Pernambuco. Aliados de Temer, no legislativo estadual, rebateram a posição do deputado.
Da mesa diretora, Albuquerque justificou o porquê de entrar no mérito da escolha dos ministros de Estado. Segundo ele, a procura por parte da imprensa e de deputados, querendo saber a opinião sobre a postura do atual chefe do executivo, motivou o pronunciamento oficial: “eu fiquei calado todos esses dias para falar aqui”. O deputado se mostrou preocupado com o Ceará não ter nenhum representante nos ministérios.
“Enquanto Pernambuco tem quatro ministérios, nós do Ceará não temos nem um. Eu tenho certeza que essas coisas não deveriam acontecer, porque no Ceará têm homens sérios, que foram ministros e que nunca houve nada de errado em relação aos ministros que foram representando o Estado”, defendeu.
Nomes como Ciro Gomes, Cid Gomes, Beni Veras e André Figueiredo foram lembrados pelo parlamentar como exemplos de cearenses atuando à frente de ministérios. Segundo o parlamentar, todos ex-ministros trabalharam não só pelo Ceará, mas por todo o País. “Na época do Itamar, Ciro Gomes renunciou o Governo do Estado para servir o povo brasileiro”.
“Não estou falando de partido A, partido B ou partido C. Eu estou falando é sobre a decepção do povo do Estado do Ceará”, argumentou o pedetista antecipando as críticas de que poderia estar defendendo um nome dentro do PDT. Justificando, em seguida, que o partido irá assumir o papel de oposição ao governo federal vigente.
Aliados
Aliados do chefe do governo interino rebateram o discurso do presidente da Assembleia. Mesmo Albuquerque afirmando que “não queria criar um debate sobre isso”, deputados pediram a palavra para sair em defesa das escolhas ministeriais de Michel Temer.
Ely Aguiar (PSDC) apontou como justificativa de Temer a falta de diálogo com os representantes da política cearenses. “Os representantes maiores, o Governo do Estado e os Ferreiras Gomes, eles massacraram o PMDB. O Temer foi chamado de ladrão e que o partido era uma quadrilha, e que o Michel Temer era o maior condutor. Não fizeram uma política da boa vizinhança, fizeram a política da agressividade e tá aí o resultado. É bom dizer que essa semana o Ivo voltou a atacar o Presidente da República com palavras, inclusive, de baixo calão. Tudo isso é levado em consideração, a política funciona dessa forma. O Ceará está chorando por leite derramado, porque na verdade ele derramou a leiteira”, disparou.
Reação
O líder da bancada do PMDB, na Assembleia Legislativa, Audic Mota, criticou as afirmações de José Albuquerque definindo que se tratava de argumentos pessoais que estavam aquém das preocupações com o Estado e classificou o discurso do presidente do parlamento estadual como “bairrista” e partidário. O peemedebista ainda destacou que a preocupação, no momento, deveria ser outra.
“Entendo o bairrismo de vossa excelência, apesar de entender que é um discurso partidário. Apesar de entender que é um discurso que refletiu um trauma partidário em uma nova conjuntura política do que qualquer vontade de ver um cearense ministro. Nós devemos, antes de tudo, querer que o Brasil volte a acontecer, que grandes reformas aconteçam e que o diálogo e o debate político possa sim acontecer”, defendeu.
“Amigo do Rei”
Deputados estaduais aproveitaram a polêmica do assunto para destacar a atuação do senador Eunício Oliveira em Brasília. Na tribuna, Audic Mota afirmou que “é melhor ser amigo do rei do que ser rei” em referência a influência do senador peemedebista. Os parlamentares defenderam que o Estado do Ceará não estará “abandonado” através da representação dos senadores Tasso Jereissati e Eunício Oliveira, no Senado Federal, e que a atuação deles no legislativo se faz mais importante neste momento.
“Eu não acredito que o Ceará seja apenado, muito pelo contrário, eu acho que tanto o Eunício, como o Tasso, eles vão trabalhar muito para que o Ceará não perca nessa história toda”, afirmou Ely Aguiar.
O deputado Audic Mota disse, ainda, que o PMDB estava em consonância com os interesses do Ceará: “Na semana passada ele (Eunício) foi um dos grande autores na aprovação de um empréstimo muito importante para o Estado do Ceará, veja como é importante essa força e como o PMDB cearense quer o bem da população”.