O afastamento da presidente Dilma Rousseff, pelo prazo de até 180 dias, confirmado, ontem, pelo Senado Federal com a admissibilidade do processo de impeachment, foi o principal tema das rodas de conversa por todo o País e norteou pronunciamentos nas Casas Legislativas Brasil a fora. Aqui no Ceará, não foi diferente, aliados da petista lamentaram o que avaliam como “golpe”. Adversários comemoraram a saída de Dilma e já apontaram expectativas sobre o governo de Michel Temer (PMDB).
O governador Camilo Santana (PT) manifestou sua opinião acerca do afastamento de Dilma, através das redes sociais. O gestor disse que, durante o processo de impeachment, tem procurado expressar seus pensamentos de “clara e sincera, até mesmo desapaixonada, sempre na busca da defesa intransigente da justiça, da democracia e do respeito ao Estado de Direito”, mas relata que nunca teve dúvidas sobre a idoneidade e dos bons propósitos da presidente Dilma. “E fiz isso pelo senso de justiça, e não apenas movido pelo sentimento de gratidão por um governo que muito fez pelas classes excluídas de nosso País, sobretudo do Nordeste sofrido, como nunca nenhum outro governo fez até hoje em nossa história”, escreveu Camilo.
Sem citar o nome de Michel Temer (PMDB), presidente em exercício, Camilo Santana ainda afirma que vai manter sua postura de diálogo e trabalho em prol do desenvolvimento do Ceará. “Continuarei defendendo a democracia. Continuarei lutando contra as desigualdades e as injustiças sociais. E permanecerei, acima de tudo, defendendo os interesses do nosso Ceará e de todos os cearenses. Que Deus abençoe o nosso País e nos dê a sabedoria e a serenidade necessárias para superar este momento de instabilidade e incerteza. Continuarei amparado no diálogo e na busca de consensos para construirmos um Ceará justo, próspero e seguro”, afirmou.
ALEC
Na primeira sessão da assembleia legislativa posterior a decisão do Senado Federal de aprovar a abertura do processo de impeachment e, consequentemente, o afastamento por até 180 dias de Dilma Rousseff da Presidência da República, deputados cearenses comemoraram a troca do comando do País.
“Acredito piamente que pior do que está não tem como ficar. Evidentemente essa corja criminosa, essa organização bandítica que tomou conta do País, levando a decapitação econômica propiciando, de forma completamente criminosa, o pior recesso da história das Américas”, afirmou, na tribuna, o deputado Fernando Hugo (PP). Para o deputado, Temer “herda e recebe a pior de todas as heranças administrativas na história do mundo”.
Os deputados Dra. Silvana (PMDB) e Ely Aguiar (PSDC) comemoraram a transição. A peemedebista afirmou que estava vestida a caráter para o primeiro dia de liberdade de um governo petista. “Eu vim de verde, conforme prometido, com camisa verde, sandália verde, comemorando o primeiro dia da nossa liberdade de 13 anos de opressão petista de desgoverno”, desabafou Silvana. Aguiar endossou o pronunciamento afirmando que agora “a população está mais aliviada”, complementando em seguida que estava no “semblante de cada brasileiro um alívio”.
“Golpe”
Para defender o governo petista, o deputado Moisés Braz (PT) ressaltou as conquistas da população mais humilde e criticou os adversários. “Foi esse governo que estendeu a mão para o povo mais pobre desse País e que hoje foi afastado por aqueles que defendem o capital e não se preocupam com o povo mais pobre”, afirmou.
Os colegas de partido também se pronunciaram no legislativo estadual. A deputada Rachel Marques (PT) chamou o processo de impeachment de golpe contra a democracia “não foram capazes de vencer nas urnas e então comentem uma farsa, uma farsa institucional para derrubar uma governante eleita democraticamente”.
A parlamentar afirmou que a população já estava nas ruas em resposta e que “o povo irá continuar resistindo para que não haja nenhum retrocesso. Elmano Freitas (PT) lembrou de alguns programas populares que foram carros-chefe dos governos Lula e Dilma como o Bolsa-Família e o Minha Casa, Minha Vida.
CMFor
Na Câmara Municipal de Fortaleza, o vereador Deodato puxou o debate acerca do afastamento da presidente. O parlamentar defendeu que se Dilma enfrentou um processo de impeachment, Temer deveria também enfrentar, explicando que enquanto os decretos suplementares assinados por Dilma foram de algo acima de R$ 2 milhões, Temer assinou decretos suplementares acima dos R$ 10 milhões. O petista também insistiu na tese de “golpe” para retirar Dilma do poder.
“Sabem por quê que os golpistas tinham medo de Lula na Casa Civil? Porque sabiam que com a força política de Lula e seu prestígio popular e dentro do Governo, poderia reagrupar a base de sustentação do governo e, portanto, sepultaria naquele momento o impeachment. E aí numa articulação política que envolve o setor judiciário golpista, capitaneado pelo Gilmar Mendes, junto com essa articulação política empresarial, faz o quê? Dá uma liminar absurda impedindo Dilma de nomear Lula como ministro”, afirmou.