O eventual governo de Michel Temer (PMDB), que pode ter início hoje, um dia após a votação no Senado da abertura de processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff, já é alvo de debates na Assembleia Legislativa. Os rumos da economia do País, inclusive, geraram embates entre alguns deputados presentes na sessão plenária de ontem.
A primeira a tratar sobre o assunto foi a deputada Dra. Silvana (PMDB) que reagiu as especulações de que o futuro governo Temer parecerá a “continuação” do governo Dilma Rousseff. “O que nos espera não é Governo de continuidade. Se o PT continuasse, não sobraria pedra sobre pedra em três meses. Com toda certeza, o equilibrado Michel Temer vai nos dar um governo que vai restabelecer a confiança internacional”, frisou ela, acrescentando que o país sob o comando do PMDB viverá tempos de estabilidades.
Ela, entretanto, não poupou críticas aos até então aliados. “Foram muitos anos de sofrimento e de tortura. Mas as pessoas estão com vibrações positivas em relação ao novo Governo. O que se fez foi gastar o que não tinha, e isso decretou a falência do nosso País”, disse, ressaltando que a gestão petista é “página virada”. Além disso, a peemedebista ressaltou a necessidade do país superar o atual cenário de crise política e econômica e retome o crescimento, sinalizando que seu partido dará uma nova cara ao Brasil e citou políticos como Paes de Andrade, Ulysses Guimarães e Itamar Franco.
Na mesma linha, o deputado Tomaz Holanda (PMDB) lembrou que, à época do impeachment de Fernando Collor, o vice, Itamar Franco, também do PMDB, assumiu e deu novos rumos à economia do País. “A situação naquela época era muito semelhante a essa. Então vamos torcer, pois tenho certeza que Michel Temer irá nos apontar um futuro promissor”, salientou.
“Não mudará”
Para o deputado Ely Aguiar (PSDC), a atual situação no futuro governo Temer não irá mudar. “Vai mudar apenas a feição, mas o Poder continuará nas mãos do mesmo grupo”, disse, acrescentando que o modelo econômico que está sendo desenhado tem semelhanças com a gestão petista. “É o mesmo modelo econômico, a mesma centralização de poder, os mesmos bancos lucrando como nunca. O PT repetiu tudo que ele tanto criticava nos governos anteriores”, cito.
Por outro lado, segundo Ely Aguiar, a crise política teve um aspecto positivo, que é a discussão e o engajamento político por parte dos cidadãos. “Finalmente, o povo sentiu que está em segundo plano nesse jogo de interesses”, disse, ressaltando ainda que a situação não dá nenhuma esperança ao povo brasileiro e que teme pela integridade física das pessoas. “Essa votação que acontece hoje, no Senado, terá repercussões, manifestações, e não temos como saber se serão pacíficas”, assinalou. O deputado lembrou que, ainda assim, “é importante não deixar a chama da democracia morrer”.