Rafaelli elogia os benefícios do Bilhete Único, mas defende que ainda é preciso avançar
FOTO. CAMILA DE ALMEIDA
Entre um assunto e outro, a designer Rafaelli Monteiro, 31, desvia a olhar em direção à avenida Desembargador Moreira para conferir se o ônibus está próximo. “Quais linhas mesmo eu posso pegar?”, pergunta. “Parangaba/Papicu ou Siqueira/Papicu”, respondo. O local de saída é a Assembleia Legislativa, onde ela faz um curso. O destino é o terminal do Papicu, que tem o maior fluxo de passageiros entre os sete terminais, com 280 mil pessoas por dia. Após oito anos sem utilizar o transporte público da Cidade, Rafaelli topou dar uma volta de ônibus, mais uma vez.
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A bordo da linha Siqueira/Papicu via 13 de Maio, em fim de tarde, ela preferiu ficar em pé, mesmo com as raras cadeiras livres. “Passei o dia inteiro sentada”, justifica. Rafaelli mora em São Gonçalo do Amarante, trabalha e estuda em Fortaleza e usa o carro para todos os trajetos.
Nos primeiros minutos do passeio, a moça se divide entre observar a Cidade e atentar-se aos outros passageiros. Segundo a pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha, encomendada pelo O POVO, 73% dos fortalezenses utilizam o ônibus como principal meio de locomoção.
Não demorou muito até o calor virar assunto entre a designer e outra passageira. “Bom mesmo é aquele com ar-condicionado”, afirma Sandra Sales, 52. Ela faz parte da grande maioria de fortalezenses que usa ônibus e torce para que todos os veículos tenham refrigeração.
O ônibus não demora até chegar ao terminal, são cerca de vinte minutos. No local, fazia mais tempo ainda que a designer não andava. Ela se impressionou com a quantidade de gente e o tamanho das filas. Surpreendeu-se igualmente com o sinal de wi-fi. Sobre o passeio, Rafaelli afirma que percebeu a agilidade que as faixas exclusivas deram à viagem. “Eu dirijo carro, mas acho muito justo dar prioridade ao transporte público, afinal, são centenas de pessoas, e eu dentro do meu carro sou só uma”, avalia.
“Achei vantajosos o cartão e os benefícios (Bilhete Único), mas precisa de outros avanços, como mais ônibus e rotas para evitar superlotação”. Para ela, as mudanças são efetivas, mas ainda não suprem a demanda. Diz que precisaria de mais tempo utilizando ônibus para avaliar melhor, mas sentiu que o calor foi uma grande dificuldade, principalmente no horário de pico.
Longe da responsabilidade de ter de prestar atenção no trânsito, passar a marcha, ligar seta, acelerar ou frear; aprendeu a olhar ao redor. “E adorei as mensagens dos muros e das caixas elétricas”. Ela se refere às palavras, que no meio do trânsito pesado da cidade alencarina, trazem algum alento: “Vai dá (sic) certo!”.
Saiba mais
A ideia do Plano de Ações Imediatas em Transporte e Trânsito de Fortaleza (Paitt) é que, até 2020, toda a frota de ônibus tenha ar-condicionado.
A Prefeitura de Fortaleza lançou em 2015 o aplicativo gratuito Meu Ônibus. Por meio dele, é possível saber a distância e os horários de chegada das linhas do transporte público.
Entre os próximos passos está o wi-fi nos ônibus, para as linhas mais longas.
O Governo Estadual lançou o Bilhete Único Metropolitano, que permite que o passageiro pegue mais de um ônibus na Grande Fortaleza pagando somente uma passagem no intervalo de duas horas.