Deputado Capitão Wagner (PR) conta com apoio do PSDB, mas tucanos ainda analisam cenário e podem fechar com PMDB
FOTO: FÁBIO LIMA
Não é apenas o eixo político em Brasília que se desloca com o resultado do impeachment de Dilma Rousseff (PT) na Câmara, no último domingo. Se aprovado na primeira votação no Senado, prevista para o próximo mês, o processo já afasta a presidente do cargo por até seis meses -- tempo suficiente para bagunçar também o cenário eleitoral m Fortaleza.
Caso o vice Michel Temer (PMDB) assuma a Presidência, a primeira aliança que pode ser abalada é a que se esboça entre o deputado estadual Capitão Wagner (PR) e o PSDB.
Pré-candidato a prefeito de Fortaleza, Wagner tem participado de reuniões com líderes tucanos para discutir programa de governo. O deputado admite esperar que apoio do PSDB seja anunciado em breve.
Já os tucanos parecem não ter tanta pressa. Em entrevista ao O POVO, o presidente da legenda no Ceará, Luiz Pontes, afirmou que “a noiva sempre pode abandonar o noivo no altar”. Enquanto não estiverem casados, avisa o deputado estadual Carlos Matos (PSDB), ainda pode haver separação. Para Wagner, entretanto, isso não deve acontecer.
A força que o PMDB pode adquirir com Temer na Presidência funcionaria como atrativo para o PSDB, que já estaria na base da legenda no plano nacional.
A tese da sigla do senador Eunício Oliveira de lançar candidato para a disputa municipal se tornaria uma das mais fortes. Isso porque o nome posto para a disputa, o deputado federal Vitor Valim, ganhou destaque com a aprovação do impeachment na Câmara dos Deputados.
Ontem, na primeira sessão da Assembleia Legislativa do Ceará após aprovação do impeachment, Valim visitou a Casa para cumprimentar os correligionários.
Oposição unida
Luiz Pontes não descarta composição entre as três siglas (PMDB, PR e PSDB) não só no segundo turno, como já está definido. “Os dois (Valim e Wagner) têm um desprendimento muito grande em relação a quem seria o prefeito e o vice”, afirmou. Líder do PMDB na AL-CE, Audic Mota discorda.
Segundo ele, a possibilidade de formação de chapa entre PMDB e Capitão Wagner só aconteceria se Valim desistisse de lançar candidatura.
O deputado, porém, garante que não está nos planos da legenda desfazer aliança dos tucanos com Wagner. “Obviamente que nós não procuraremos desfazer uma chapa de um aliado nosso”, disse Audic.
Não todos ganham com o resultado de domingo, porém. O deputado estadual Heitor Férrer, pré-candidato do PSB, chegou a conversar com o PSDB, mas segue sozinho. Num eventual segundo turno, entretanto, Heitor estaria ao lado da oposição a Roberto Cláudio (PDT).