Deputados cearenses continuam discutindo o Plano Estadual de Educação, contudo, parlamentares não conseguem entrar em consenso nos temas que tratam de sexualidade e do combate à discriminação por orientação sexual nas escolas públicas do Ceará. A matéria ainda não foi para votação no plenário porque discussões, nas comissões técnicas, acerca de divergências sobre o termo “ideologia de gênero” travam o consenso. O projeto de lei que foi encaminhado pelo governador Camilo Santana tramita, desde o dia 3 de março, na Assembleia Legislativa e trata de metas e estratégias para balizar a educação no estado do Ceará nos próximos 10 anos.   No meio desse embate, o deputado e líder do Governo, Evandro Leitão (PDT), destacou a importância da aprovação do plano para a educação do Estado. “O plano criará parâmetros em um espaço de 10 anos para o Estado conseguir índices que irá melhorar sobremaneira a educação no nosso estado”. Leitão completa que as divergências ainda estão sendo analisadas. ”Nós estamos discutindo para que possamos entrar em um consenso”, admite.   Divergências Entre os deputados que discutiram as mais de 100 emendas do projetos está a deputada Dra. Silvana (PMDB). Ela afirmou que pretende entrar em um acordo para que a matéria siga o trâmite na casa, porém foi enérgica ao dizer que não vai flexibilizar a favor de apenas um setor da sociedade. “Eu só farei um acordo se eu não for pautada por movimentos LGBTs. Vou logo deixar claro: não vou dar uma de boazinha para ser enganada, não. Realmente o plano veio defeituoso e pautado por um movimento que grita forte, mas nós estamos legislando e estamos criando um plano para todos os cearenses”.   Para ela, o projeto, se for aprovado do jeito que está, irá colocar a escola como lugar de doutrinação em relação aà causas LGBTs. Silvana defende que a escola não deve abordar essa temática. “Em todos os pontos eles estão querendo sempre promover as causas LGBTs, e promover significa utilizar a escola com aquela finalidade. A escola tem que promover é o ensino, a educação. Ela tem que executar um plano para que as crianças aprendam e se escolarizem”, pontuou.   No outro lado da discussão, o deputado e relator da comissão que trata do assunto, Elmano de Freitas (PT), ressalta a relevância do debate, mas, que, em alguns assuntos, os deputados não entrarão em um acordo e, então, a decisão final será feita através dos votos no plenário da AL.   De Freitas destacou a importância da discussão sobre a diversidade e os preconceitos e disse que não se trata de defender um setor ou outro”. Segundo ele, a questão não deve causar receio a setores da sociedade ligados a religião, no sentido de que o plano não irá promover qualquer determinação sexual. O deputado defendeu que as ações visam combater todas as formas de discriminação. “Vai buscar construir uma cultura de tolerância de superação de preconceito contra todo e qualquer preconceito, seja por orientação, seja por racismo, seja em relação às meninas pelo machismo. Então nós estamos, agora, nesse desafio”, ressaltou.   Câmara Na Câmara Municipal de Fortaleza, o Plano Municipal de Educação também causou polêmicas entre os vereadores. Depois de muitas discussões, e apenas após a supressão do termo “ideologia de gênero” houve a aquiescência da matéria. Aprovado ano passado, por 25 votos a 10, igrejas locais e movimentos LGBT ocuparam as galerias da Câmara para pressionaram os vereadores. Trechos sobre diversidade sexual e gêneros foram retirados.