Em ano eleitoral, não é tarefa das mais fáceis controlar os discursos parlamentares de modo que as discussões não tenham como foco as disputas às prefeituras cearenses. Enquanto uma parcela da Assembleia Legislativa reconhece que as abordagens municipalistas não são apropriadas para o Plenário da Casa, há aqueles que defendem a prática, justificando que se trata de espaço, por natureza, para o debate das mais variadas ideias.
O posicionamento dos deputados já havia sido criticado em outras oportunidades, mas na última semana ganhou reforço quando requerimento apresentado pelo deputado Capitão Wagner (PR) rendeu debate a respeito das abordagens "paroquiais" na pauta da Assembleia. Ele protestava contra o flagrante de crianças assistindo uma aula sentadas no chão.
Mesmo após Wagner expor que sua intenção seria defender a qualidade da educação oferecida aos estudantes, Ivo Gomes (Pros) entendeu que aquele não seria o momento ideal para levar a tona questões "paroquiais", transformando a Assembleia em palanque eleitoral.
De acordo com Ivo Gomes, ao ser discutido, o assunto perde a credibilidade pelo fato de a abordagem ocorrer em ano eleitoral. "Não que o assunto seja proibido, mas deveria se relacionar a algo que se estenda para todo o Estado do Ceará", defende.
Líder do PMDB na Assembleia, partido opositor tanto ao governo Camilo Santana como à gestão de Roberto Cláudio, o deputado Audic Mota sustenta a necessidade de definir questões paroquiais, quando a Casa trata de assuntos voltados aos 184 municípios cearenses. "Precisa deixar claro o que seria paroquial. Se apenas assunto de Arneiroz, Tauá ou da própria Capital".
Um dos maiores críticos aos debates de pré-campanha na Assembleia, José Sarto (Pros) lamenta que a discussão sobre um requerimento apresentado por parlamentar tenha se prolongado por mais de uma hora, a ponto de quase todos os pré-candidatos de Fortaleza se pronunciarem. "Só faltou falarem o próprio Roberto Cláudio, para se defender, e Tin Gomes, que no momento presidia a sessão".
Mesmo alertados pelo presidente da Assembleia, Zezinho Albuquerque (Pros), no retorno dos trabalhos, deputados têm desobedecido orientações para não fazer pronunciamentos "municipalizando" os debates em período pré-eleitoral. Líderes foram alertados a instruir os liderados a evitar o uso da palavra para direcionar discursos a municípios, evitando questionamentos dos órgãos fiscalizadores.