As negociações para ingresso e saída de parlamentares de partidos políticos, aproveitando a "janela" partidária que deverá ser aberta a partir do dia 18 de fevereiro, estão movimentando os bastidores da política cearense. Os dirigentes de agremiações no Estado preferem não falar muito a respeito do assunto, mas existem siglas que podem perder toda representação na Assembleia Legislativa e Câmara Municipal, como é o caso de PSDC e PROS. Os parlamentares estão aguardando apenas a promulgação pela Mesa do Congresso Nacional, da emenda constitucional aprovada no ano passado, que permite a saída de políticos de partidos para ingresso em outras legendas. O senador Renan Calheiros, presidente do Senado, anunciou na semana passada que a matéria será promulgada no dia 18 próximo, em sessão do Congresso Nacional. De acordo com o texto da PEC aprovada, em novembro de 2015, os detentores de mandatos eletivos poderão deixar as legendas pelas quais foram eleitos nos 30 dias seguintes à promulgação da emenda. A desfiliação não será considerada para fins de distribuição do dinheiro do Fundo Partidário e do acesso gratuito ao tempo de rádio e televisão. Deputados que hoje são filiados ao PROS estão aguardando apenas a promulgação da Emenda para se desfiliarem da legenda, uma vez que, segundo eles não há qualquer diálogo ou relação entre o atual presidente da sigla e suas agendas políticas. Liderados no Ceará pelo grupo político comandado por Cid e Ciro Gomes, os parlamentares pretendem seguir o mesmo rumo tomado por Roberto Cláudio e o presidente da Câmara de Fortaleza, Salmito Filho, desembarcando no Partido Democrático Trabalhista (PDT). Odilon Aguiar e Laís Nunes, que faziam parte da legenda que outrora teve a maior representação na Casa, o PROS, aderiram a uma outra sigla, o PMB. Negociações Após perderem dois de seus membros, o PROS, que elegeu onze deputados no pleito de 2014, atualmente, tem sete parlamentares na Assembleia Legislativa, sendo dois licenciados (Mirian Sobreira e Jeová Mota), pois assumiram secretarias no Governo Camilo Santana. Esse número de representação do partido na Casa pode ser alterado nos próximos meses com a saída em massa de todos os seus representantes. PRP, PSL e PTN já não têm mais representantes na Assembleia Legislativa, visto que perderam Bethrose, Naumi Amorim e Júlio César Filho para o Partido da Mulher Brasileira, o PMB. Negociações também foram feitas com o deputado Zé Ailton Brasil, mas este declinou do convite e permanecerá no Partido Progressista (PP). Já no PMDB, nomes do partido também estão sendo chamados a aderirem a outras siglas, como é o caso do deputado Walter Cavalcante. Em entrevista ao Diário do Nordeste, ele disse que recebeu convites de vários partidos. No entanto, para tomar uma decisão, iria conversar com a presidência do grêmio e com seus familiares. "Vou conversar, primeiramente, com minha família e depois com o partido, para analisar as propostas com critério", disse ele, reclamando ainda que o partido tem que ter atitudes coletivas, ressaltando que alguns membros da sigla estão insatisfeitos. Está marcada para hoje, às 13 horas, reunião dos deputados estaduais do PMDB para traçarem metas para os trabalhos legislativos em 2016. No encontro, o assunto mudança de partido deve ser abordado. Agenor Neto também estaria sendo sondado para deixar o PMDB, e a deputada Silvana Oliveira aguarda reunião com o prefeito Roberto Cláudio. No entanto, ela disse ao Diário que o PMDB foi seu primeiro partido e que não sairia da agremiação sem muita certeza da decisão acertada. Decisão O Partido Social Democrata Cristão, de acordo com o presidente da legenda, o deputado Ely Aguiar, corre o risco de ficar sem representantes na Câmara Municipal de Fortaleza, pois segundo ele, Tamara Holanda e Vaidon estariam negociando a ida para um grêmio mais ligado ao prefeito Roberto Cláudio. Ao Diário do Nordeste, o dirigente informou que os vereadores ainda não se manifestaram, ressaltando que a decisão deles pode ficar para o fim de março. A Câmara, inclusive, deve ser palco da maior debandada de vereadores neste ano devido ao pleito eleitoral de outubro próximo. "Ainda não tenho informação concreta porque nem a Tamara e nem o Vaidon conversaram comigo a respeito, mas tenho informações de que vários vereadores podem sair", disse o dirigente, lembrando que o deputado federal Danilo Forte foi o primeiro a sair de partido, quando ano passado deixou o PMDB para assumir o comando do PSB. "Ele saiu muito cedo, porque sabia que alguma coisa estava acontecendo favorável à saída de partidos. Mas os vereadores estão analisando o que é melhor para eles, visto que é uma eleição municipal", enfatizou Ely. Outros deputados federais também deverão aproveitar a janela e mudarem de sigla. Um dos nomes apontados é Vitor Valim, além de Adail Carneiro, Domingos Neto, e dois que negociam com o PSD e PP.