O saudoso comandante João Ariston Pessoa de Araujo, um empresário sério e talentoso, visionário que não tomava chegada para tocar em frente a aviação no Ceará, onde liderou uma linha aérea que chegou a território francês era um criador de neologismos e do tipo de bom humor permanente. Tenho dele, numa amizade que durou mais de 50 anos, histórias engraçadas e corajosas, todas de um coração do bem. Ariston, por exemplo, hoje nome emprestado ao Aeroproto Internacional de Jijoca de Jeriquaquara e em breve à antiga Praça do Vaqueiro, na frente do velho terminal do Aeroporto Pinto Martins, em Fortaleza, criou o termo descomeu. Descomeu era voltar atrás, desfazer, pegar o caminho de volta. Se alguém dizia uma coisa assim não tão corretamente “política” e voltava atrás, era descomer. O secretário da Fazenda do Ceará acaba de fazer uso do verbete do dicionário do Comandante Ariston e descomer o que disse faz alguns meses, de que o Governo poderia não ter dinheiro pra pagar a folha do pessoal no começo do ano. Disse a este jornal, esta semana, ao jornalista Tarcisio Colares, que tem dinheiro, sim, pra pagar o pessoal, mas, botando pilha no Governo, disse que o reajuste salarial da população que serve ao Estado só seria discutido mais pra frente, que, agora, não. Como descomeu uma vez, por conta própria, possivelmente vá ter que descomer por sugesta do Governador Camilo Santana, homem bom de pagar suas contas em dia. No final do discurso na Assembleia, Camilo encerrou com poesia, dizendo que nenhuma incerteza o abaterá e, em seguida, pra coluna disse que estava acompanhando, com o Planejamento, a evolução das contas, pra ampliar os salários do pessoal, em março. – Já estamos honrando os 10% do pessoal de mínimo. Agora, vamos buscar o que pudermos para o restante da folha, com sustentabilidade, disse em tom otimista. Motivos quais? Se era pra serem notados, Renato Roseno e Heitor Férrer conseguiram. Os dois deputados estaduais foram os únicos que se recusaram a aceitar o convite do governador do Estado para um almoço tradicional oferecido pelo chefe do Estado ao depois de ler, na Assembleia, para os deputados, sua mensagem de começo de ano. Isso ocorre sempre na volta do recesso de fim de ano. A dúvida que paira é se foi por deseducação, posição política intolerante ou até mesmo por intolerância alimentar de um 0800.