Segundo Sérgio Aguiar, como até cinco deputados podem se candidatar a prefeito de Fortaleza, discussões devem se intensificar no plenário da AL
( FOTO: JOSÉ LEOMAR )
Depois de passarem por um ano atípico, com dificuldades políticas e econômicas, deputados estaduais acreditam que 2016, apesar de uma possível melhora nos índices econômicos, será um ano de continuidade das dificuldades apresentadas ao longo de 2015. As eleições municipais, que devem ser reproduzidas no Plenário 13 de Maio, por meio de embates acirrados, são apontadas pela Mesa Diretora da Casa como um problema que deve ser contornado.
Outro impasse citado pelos parlamentares, que deve refletir nos parlamentos de todo o País, é a incerteza quanto ao processo de pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff e a possível cassação do mandato do presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). O presidente da Assembleia Legislativa, deputado Zezinho Albuquerque (PROS), disse analisar com naturalidade as dificuldades enfrentadas pelo Governo Camilo Santana nos primeiros meses de mandato. Até porque, segundo ele, o primeiro ano é de fazer adequações para melhorar a máquina pública para aquele projeto que pretende implantar.
Zezinho Albuquerque destacou que, assim como em 2015, a crise nacional, no próximo ano, influenciará a situação local. Segundo ele, todos os projetos polêmicos e necessários para adequação da máquina pública estadual foram votados e aprovados no corrente ano e, em 2016, poucos terão embates acirrados como ocorreu nos últimos meses.
O primeiro secretário da Casa, Sérgio Aguiar (PROS), mostrou preocupação com os embates políticos típicos em disputas eleitorais nos municípios. Conforme informou, devido ao pleito de 2016, em que a capital cearense poderá ter até cinco candidatos oriundos do Poder Legislativo, as discussões devem ficar mais acirradas. Outros cinco parlamentares, aponta, podem também se candidatar para disputa em outras cidades.
"A Mesa vai procurar coibir qualquer tentativa de antecipação de eleição, mas sem tolher o direito do parlamentar", disse. Aguiar citou ainda como positiva a participação da oposição no ano que se encerra, mas destacou que algumas vezes os opositores procuraram discutir temas sem finalidade, apenas com o foco de demarcar espaço. Ele ainda justificou que 2015 foi um ano de dificuldades para o Governo Estadual devido à crise política e financeira em nível federal.
Atípico
O vice-presidente da Assembleia Legislativa, Tin Gomes (PHS), destacou que o ano foi atípico, com seca persistente em muitos municípios do Estado e crise político-administrativa que perdurou durante todos os meses de 2015. Ele disse ainda que a Operação Lava-Jato, que investiga desvios de recursos na Petrobras, influenciou muito em alguns posicionamentos políticos, já que alguns parlamentares, donos de empreiteiras e empresários foram denunciados e presos. "Apesar de todo esse sofrimento na economia, nós conseguimos aprovar muitos projetos que visam adequar a situação da economia", atesta.
Para Gomes, a renovação na Casa, com muitos governistas novatos, assim como acirramento entre PMDB e PT devido às eleições do ano passado no Ceará, contribuíram para que as disputas no Plenário 13 de Maio tenham sito acirradas. O parlamentar mostrou preocupação no que diz respeito à definição sobre o impeachment da presidente Dilma Rousseff ou à cassação do mandato do presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha.
"Tem que dar um basta nessa questão. Só quando se tirar todas as dúvidas sobre esses processos é que a economia vai voltar a crescer e vamos poder respeitar mais um pouco", disse. Ele destacou ainda o período eleitoral do próximo ano como um momento de dificuldade para prefeitos e parlamentares com lideranças em alguns municípios do Estado, uma vez que, por conta da crise, muitos dos gestores não vão conseguir realizar tudo aquilo que prometeram à população.
Acirrados
O deputado opositor Heitor Férrer (PDT) destacou que muitos problemas que se iniciaram ou se intensificaram em 2015 permanecerão no ano seguinte. Segundo ele, em 2016 o embate será ainda maior, devido ao período eleitoral, quando partidos irão querer se fazer presentes no parlamento por meio da tribuna e nos projetos do Executivo. "Será um ano em que teremos debates bem mais acirrados".
Líder do Governo, Evandro Leitão (PDT) declarou que, mesmo com a conjuntura nacional desfavorável, o próximo ano terá melhoria na economia e as discussões políticas ficarão amenas quando comparadas a 2015. Ele afirmou ainda que seu desejo é continuar servindo à gestão Camilo Santana, independentemente de se manter como líder da administração estadual. "O cargo fica a desejo do governador. Se ele quiser, tudo bem. Mas eu não tenho nenhuma vaidade quanto a isso", afirmou.
O pedetista disse que, com todo um cenário local e nacional desfavorável para o Governo, o chefe do Poder Executivo conseguiu êxito em muitos dos compromissos adotados com a população. "Muitas das mensagens foram importantes para a população, umas amargas e outras boas", ressaltou.