No ano em que os temas seca, saúde e segurança dominaram os discursos de deputados na Assembleia Legislativa, outras palavras que ganharam destaque foram o diálogo e o debate. Segundo o líder do governo na Casa, Evandro Leitão (PDT), muitos foram os projetos apresentados e que precisaram de "compreensão" e troca de ideias para que fossem aprovados. Ele destaca o Bilhete Único Metropolitano, a previdência dos servidores estaduais, o Pró-Cidadania e o Plano de Cargos e Carreiras do Detran.
"Também foi garantido o piso salarial dos professores, de acordo com a União, e dos agentes de saúde. Outra importante pauta encaminhada pelo governador Camilo Santana foi a promoção dos policiais. Enfim, são projetos que garantiram debates, às vezes mais calorosos, mas no fim das discussões a população saiu ganhando", avalia Leitão.
O vice-líder Júlio César (PTN) concorda com Evandro e afirma que a grande maioria de emendas recepcionadas em matérias apreciadas no Plenário foram da oposição. "Isso é fruto de diálogo e acordo do governo e apoiado pela bancada governista. Se a bancada governista, com a liderança, não abrisse esse espaço, ajustes às matérias não seriam aprovados, mas a grande maioria é feita de ideias boas e por isso foram recepcionadas".
Segundo ele, emendas apresentadas durante as discussões cujo teor desvirtuava a matéria do governo, mudando seu objetivo principal, "não poderiam ser aceitas, mas de forma tranquila os debates aconteceram".
Líder da bancada do PMDB, oposicionista do governo na Assembleia, o deputado Audic Mota reconhece os avanços. "A promessa do piso de agentes de saúde, o Plano de Cargos e Carreiras dos servidores do Detran, a promoção dos militares, tudo isso foi cumprido", enumera. "Fizemos mudanças na previdência dos servidores, beneficiando pessoas com deficiência grave, pais e mães de servidores, alteramos o Fecop (Fundo Estadual de Combate a Pobreza), autorizando a utilização de recursos dele para a seca", completa.
Capitão Wagner (PR) é outro opositor do governo na Casa que reconhece essa abertura. "O ano passou por duas grandes crises, econômica e política, mas, apesar disso, a Assembleia Legislativa trabalhou de forma diferente, permitindo que a oposição pudesse propor e aprovar projetos, o que há muito tempo não se via", destaca.
Emblemático
Um ano emblemático, em que foi quebrada a tradição de que todas as mensagens governamentais eram aprovadas sem alterações. Assim o deputado Roberto Mesquita (PV) definiu o período: "Não houve uma matéria sem ser discutida, debulhada e emendada. Houve até emendas em excesso que fizeram as sessões se arrastarem por muitas horas", expõe.
Representante do PSOL na Assembleia, o deputado Renato Roseno avalia que este foi um ano de recessão, mediante a incapacidade do Governo Federal de garantir direitos básicos, com restrição aos investimentos sociais e cortes de direitos. "Houve restrição no mercado de trabalho, na taxa de atividade econômica, mas o capital financeiro foi mantido", ressalta.
No âmbito local, afirma que "na medida do possível" ocorreram bons debates. Porém, diz o deputado, a agenda do governo continua "aprisionada" a ideias do passado. "Não tem sido inovador, principalmente do ponto de vista da sua agenda econômica, que continua vinculada a alguns setores econômicos, se mostrando ultrapassada. Exemplo disso foi o anúncio de mais termelétricas para o Estado, um contrassenso absurdo em relação à crise hídrica que passamos".
O vice-líder Júlio César admite que em 2016 o Governo enfrentará embates e críticas. "Temos que deixar claro que se ficarmos com brigas, cabo de guerra entre a situação e oposição, só vamos atrapalhar o Estado".