Para Joaquim Noronha, que vez por outra leva sua insatisfação à tribuna, a Casa se apresenta de forma coerente desde o início da legislatura
( FOTO: BRUNO GOMES )
Com uma gestão cada vez com menos recursos para tocar obras e atender demandas da população, o Governo Camilo Santana vem enfrentando base governista mais independente, com posicionamentos incisivos e até críticas feitas à gestão. Alguns parlamentares de situação chegaram a dizer que quase nada do que foi prometido pelo chefe do Executivo chegou a ser realizado.
Durante as votações, é perceptível o posicionamento de aliados insatisfeitos com o atendimento prestado pelo governador. Segundo o deputado Bruno Gonçalves (PEN), no primeiro ano de mandato de Camilo Santana, o gestor tem cumprido a promessa de dialogar com sua base, colocando interlocutores para debater com os deputados, mas, segundo ele, não há qualquer ação concreta para atender aos anseios da população.
"Tudo que foi colocado por ele do dia 1º de fevereiro até aqui não foi resolvido. O problema hídrico é o mesmo, a saúde pública só piora, assim como a segurança. O curso dos policiais civis, que era para ter iniciado em julho, foi remanejado para janeiro do próximo ano e subtenentes não foram promovidos", alega. Gonçalves ressalta que o Governo está "sem ação" para realizar o que prometeu.
Coerente
Para Joaquim Noronha (PP), que vez por outra leva sua insatisfação à tribuna da Assembleia, a Casa tem se apresentado de forma coerente desde o início da legislatura. Segundo ele, deputados têm demonstrado postura e personalidade, sendo da oposição ou base governista. "Eu vejo os deputados colocando os seus ideais em prática, o que é saudável para a gente. Teve uma renovação boa, mas eu vejo a Assembleia com coerência", ressalta.
Segundo Noronha, seu posicionamento em plenário é indiferente a qualquer atendimento dado pelo Governo em suas bases. "Sempre deixei bem claro aos meus colegas e ao Poder Executivo que quando tiverem corretos vão contar com a minha deferência e quando não tiverem vou procurar colaborar, mas sempre preservarei a independência da postura do parlamentar. Eu acredito em um parlamento mais forte e um legislativo mais independente", justificou.
Criatividade
Na discussão sobre medidas do Governo para os centros socioeducativos, ontem, deputado Ivo Gomes (PROS) destacou que as ações são como "enxugar gelo", ressaltando que a gestão precisa de criatividade para combater casos de infrações de menores. Recentemente, declarou em plenário que o governador tinha dinheiro em caixa para custear o Hospital de Quixeramobim.
"Eu sou situação, votei no Camilo. Mas não sou calango não, nunca fui. O Governo tem que fazer economia mesmo, mas não em detrimento de serviços. Dar descontinuidade eu não concordo, de jeito nenhum. Principalmente na saúde", disse.
Roberto Mesquita (PV), que disse ser da base aliada, tem feito pronunciamentos com maior independência e afirmou que o fato de aliados votarem contra certas matérias do Governo não significa falta de apoio à administração. "Esses posicionamentos fazem o parlamento mais maduro, com mais debate. E o Governo, se ele acolher as críticas que lhes forem justas, vai crescer".
Ao desistir da pasta do Esporte, David Durand (PRB) tentou se aproximar do Governo. Bruno Pedrosa (PSC) acredita que alguns colegas se posicionam contrariamente às propostas do Governo quando vão de encontro a interesses pessoais.