Preocupação do governador se justifica
Na mesma reunião em que o PSB decidiu encomendar a pesquisa eleitoral, o governador Cid Gomes manifestou preocupação com o risco de derrota da possível aliança entre PT e PSB, seja quem for o candidato. A história foi contada na coluna de 25 de abril. Os números do Ibope justificam o temor. Dos pré-candidatos de PT ou PSB, o mais bem colocado é Artur Bruno (PT). Seus 5% não impressionam para quem tem como trunfo o fato de ser mais o conhecido. Os outros não passam de 2%. Preocupação extra: nem Cid, nem Luizianne Lins (PT) tem lá tanto poder assim para influenciar o resultado, segundo os eleitores. Como a transferência de voto não mexe com mecanismos totalmente conscientes, há de se relativizar os números. Mas eles têm seu peso. A avaliação da prefeita é acentuadamente pior que a do governador. A aprovação dele, o dobro: 60%, contra 30% dela. E, em tese, os eleitores atribuem a ele mais que o dobro da capacidade de influenciar positivamente o voto em um candidato: 41% contra 18%. No entanto, objetivamente questionados sobre o voto nos candidatos com os respectivos apoios, os eleitores nivelam Cid e Luizianne bem por baixo.
Quando o apoio da prefeita é mencionado, Elmano de Freitas (PT) transita entre 3% e 4%. Diante do aval de Cid, Ferruccio Feitosa (PSB) alcança 4%. Roberto Cláudio (PSB) varia de 2% a 3%, também mediante apoio do governador. Quando Luizianne apoia Artur Bruno, ele fica em 5% - índice que já tinha sem o apoio –, com pico de 6%. Ou seja, na hora do vamos ver, a transferência é ínfima.
Tal perspectiva não é nada promissora para a aliança. E há candidatos bastante competitivos fora do binômio PT-PSB. Em campanha, a máquina pode muito, mas não pode tudo. Juntas ou separadas, as duas poderosas administrações podem, sim, perder.
ALTERNATIVAS SE MOSTRAM VIÁVEISNúmeros que chamam particular atenção não estão nos extremos, mas no meio. As candidaturas de Heitor Férrer (PDT), com 19%, e Marcos Cals (PSDB), com 15%, mostram força e viabilidade como alternativa concreta de poder. Heitor já concorreu a prefeito, em 2004, sem chamar muita atenção. Cals tem o nome fresco na memória da população, pois teve 20% dos votos de Fortaleza para governador, em 2010. Com esse patamar de largada, nenhum dos dois pode ser descartado. O DADO MAIS RELEVANTEO retrato mais fiel da realidade é percebido na pesquisa espontânea, em que o entrevistado aponta de cabeça o nome daquele em quem pretende votar. Aí o resultado traz surpresas. Inácio Arruda (PCdoB), que alcança maior percentual na estimulada, aparece só com 4%. Embora em empate técnico, fica atrás de Moroni Torgan (DEM), com 6%, e também de Heitor Férrer (PDT) e Marcos Cals (PSDB), ambos com 5%. Sinal de que a candidatura de Inácio pode ser menos consistente que a consulta estimulada pode fazer crer.
Já o percentual de indecisos – 60% - não impressiona. Em 2008, já em agosto, com um mês de campanha na rua, os indecisos na espontânea eram 49%.
POSTE POR POSTECid Gomes cobra do PT candidato que tenha densidade eleitoral. Se critério for esse, fica sem argumento para recusar apoio a Elmano e apoiar Roberto Cláudio ou Ferruccio. O resultado de todos eles foi rigorosamente igual. Se tomar a decisão com base na pesquisa, Cid é empurrado na direção de Inácio Arruda.