Cancelamento dos pronunciamentos, pouca participação em plenário, sessões esvaziadas e discussões sem muita relevância para a sociedade. Este tem sido o quadro percebido na Assembleia Legislativa nas últimas semanas após o retorno dos deputados do recesso parlamentar.
Apesar de confirmarem que as plenárias têm se apresentado com menos debates nesse início de segundo semestre, os parlamentares acreditam que cenário tem influência direta da proximidade das eleições municipais do próximo ano.
No mês de agosto, em quase todas as sessões ordinárias, os parlamentares cancelaram o uso da palavra durante o segundo expediente. Os trabalhos, muitas vezes, chegaram a terminar antes das 13 horas.
Quando a presidente Dilma Rousseff esteve no Ceará, o quórum mínimo de parlamentares presentes, que é de 16, não foi alcançado. Naquele dia somente dez deputados compareceram ao trabalho.
Alguns deputados entrevistados pelo Diário do Nordeste disseram que isso tem acontecido neste período por conta das disputas eleitorais nos municípios.
Bases
Muitos deles têm ido a bases eleitorais no Interior para discutir com lideranças locais o melhor nome para apoiar e indicações a serem feitas.
A incerteza quanto ao ingresso ou saída de partidos é outro ponto colocado como justificativa da dispersão dos deputados.
Para o deputado Zé Ailton Brasil (PP), a mudança partidária de alguns parlamentares tem feito com que muitos passem por um momento de reflexão e evitem maiores discussões contra colegas de outras legendas.
"O ambiente eleitoral deixou o clima aqui um pouco mais tranquilo, porque cada um está preocupado com a sua situação. O diálogo do Governo com a oposição também tem evitado confrontos", afirmou.
Júlio César (PTN) acredita que os parlamentares estão mais preocupados com questões internas sobre o destino político de cada um, e isso tem feito com que eles passem a debater sobre outros assuntos nos bastidores da Casa, enquanto o plenário fica cada vez mais esvaziado.
Já a deputada Rachel Marques (PT) acredita que os debates têm ficado mais "mornos", devido à maior desarticulação da bancada de oposição A petista disse ainda que matérias do Governo não têm sido geradoras de maiores polêmicas.
"O diálogo do Governo com a oposição tem sido um dos motivadores de sessões com menos embates. No começo do ano, a oposição estava mais organizada, e agora, com o diálogo da gestão não temos tantos embates", disse a petista.
O deputado Manoel Santana (PT) corroborou com a correligionária ao afirmar que a oposição não tem encontrado foco para fazer as críticas ao Governo do Estado. "O pessoal da oposição tem mantido uma coerência que faz com que não fique atirando ao léu, fazendo oposição por fazer", frisou.