Inspirados nos 36 anos da Lei da Anistia, celebrados na semana passada, as comissões de direitos humanos da Câmara Municipal de Fortaleza e da Assembleia Legislativa realizaram, ontem, na AL, audiência pública conjunta sobre o marco e a memória do regime militar.
Sob mediação do deputado estadual Renato Roseno e do vereador João Alfredo, ambos do Psol, integrantes da mesa lembraram os horrores que testemunharam antes da promulgação da lei. Durante o evento, houve reação negativa aos cartazes dos protestos anti-governistas que pedem pela volta dos militares.
Apesar de se limitar a uma parte dos manifestantes, o pedido de volta dos militares incomoda sobreviventes de torturas e defensores dos direitos humanos. “Me corta o coração ver que a juventude é quem pede a volta da ditadura. Por má fé ou ignorância, podem utilizar o direito democrático de se manifestar contra a normalidade democrática”, criticou Roseno.
“Vivemos retrocessos, como jovens pedindo intervenção militar. É inexplicável. O processo de memória e justiça não se completou”, afirmou João Alfredo.
Para o conselheiro da Comissão da Anistia do Ministério da Justiça, Mario Albuquerque, a culpa não é dos manifestantes, mas da omissão do Estado em ensinar sobre o período militar nas escolas. “Defendo o direito de irem às ruas. Respeitando as regras da democracia, eles podem fundar partidos próprios, de extrema direita, como ocorre na Europa”, diz.
Representantes da Polícia Militar e dos Bombeiros também estiveram presentes na audiência, além de grupos como o Aparecidos Políticos e o Crítica Radical. (Isabel Filgueiras)