O cenário nebuloso na política do Brasil, propiciado após vir à tona os escândalos do mensalão e da Lava Jato, culminando em uma crise política, econômica e ética no País, tem deixado, diariamente, o Partido dos Trabalhadores (PT) no alvo das denúncias e críticas nos parlamentos, quando se trata de corrupção. No decorrer da sessão de ontem, da Assembleia Legislativa do Ceará, o PT foi novamente recriminado por opositores. Até lideranças do PT, como o deputado Elmano de Freitas, cobrou do Governo Federal uma nova reorientação política e econômica, para virar a página de crise e devolver o desenvolvimento ao Brasil.
Ao ir à tribuna, Elmano defendeu a redução das taxas de juros e pontuou, como elemento central, que deve marcar a mudança do governo de Dilma Rousseff. Segundo o parlamentar, essa elevação dos juros não é do interesse do trabalhador, pois é ele quem paga essa conta, e não os ricos. “Os valores das atuais taxas de juros representam 10% do PIB nacional, isso é inadmissível permitirmos esse tipo de conduta, que visa sempre ao lucro dos banqueiros”, criticou.
De acordo com o petista, está a surgir a Frente Brasil Popular, que vai reunir os movimentos saciais do País como a Central Única dos Trabalhadores (CUT), Movimento Sem Terra (MST), União Nacional dos Estudantes (UNE), entre outros, e vão começar a ir para as ruas, no próximo dia 20, para dizer ao próprio Governo e para a sociedade, que não querem as taxas de juros como está, “que retira dinheiro das políticas sociais”.
Fora do PT
Em um outro momento, o petista defendeu o partido das críticas de opositores, onde apontaram que o PT está no cerne das “falcatruas”, com relação aos desvios de verbas públicas. “Envergonho-me de gente do PT estar envolvido em corrupção, e quero fora do PT. E respondam por todos os atos que os envolvam, mas é preciso lembrar que não é só a gente do PT que está sendo processado, tem gente do PP, PMDB, PDT e do Pros. Nós temos gente do bem, porque aprendi a separar uma coisa: eu posso ser de esquerda, mas ser sério, posso ser de direita, e posso ser sério”, afirmou.
Esperança
Ao fazer uma reflexão sobre o momento de descrença da política e da econômica do Brasil, o deputado Carlos Felipe (PCdoB) defendeu que a sociedade deve adotar uma postura de “esperança”, começando pela imprensa, que, na sua opinião, deve tornar públicas também as boas notícias e conquistas que o País tem alcançado.
“Quando temos um paciente com dificuldades, temos que lhe dar esperança. É isso que se precisa nesse País. Estamos vendo um país dividido, e dizer que a crise vai piorar só desestimula a população. Estamos todos no mesmo barco, é aqui que estamos com nossos filhos e empresas”, avaliou.
Rebatendo a fala de Carlos Felipe, o deputado Ely Aguiar (PSDC) criticou aqueles que culpam a imprensa sobre a crise no País. “Ninguém usou tanto a imprensa para chegar ao poder como o PT, e agora eles a culpam, afirmando que defendem só um lado”.
Ely Aguiar também dedicou o seu pronunciamento para criticar o PT e citou a prisão do ex-vereador paulista do PT, Alexandre Romano, detido, temporariamente, por suspeita de ser operador de propina ligada ao Ministério do Planejamento. O vereador foi preso, na manhã de ontem, pela Operação Lava Jato. “É mensalão, é Petrobras, e agora mais um preso por desvio de pelo menos R$ 50 milhões”, apontou.
“Querem colocar um imposto para os grandes empresários, mas será que esse dinheiro vai para o povo ou para o bolso dos petistas? Sei que no PT existem pessoas sérias, como o deputado Moisés Braz e o deputado Elmano Freitas, mas, por conta dos escândalos, o partido perdeu a credibilidade; não podemos mais acreditar em nada”, pontuou.