Criados no início da legislatura para reunir legendas em torno de um único projeto, os blocos partidários na Assembleia Legislativa têm se limitado à ocupação dos espaços na Mesa Diretora e nas comissões técnicas. Ao longo dos meses, um distanciamento entre os grupos pode ser observado em posicionamentos.
Hoje a Casa tem três grandes blocos, um formado por PROS, PT, PCdoB e PSD, o mais governista de todos, com 17 membros; outro composto por PDT, PP, PEN e PSL, com sete integrantes e projetos distintos; e outro por PV, PHS, PSC, DEM, PTN, PRB, PRP e SD, com 10 deputados. O último é o grupo mais contraditório, englobando parlamentares aliados, opositores e independentes. No início do ano, Ely Aguiar, do PSDC, era do bloco, mas saiu após ser escolhido vogal da Mesa Diretora.
O PR, com dois membros, e o PMDB, com seis, não aderiram a qualquer bloco partidário, assim como PSOL, PPS e PSDB, com um integrante cada. Segundo Roberto Mesquita (PV), que lidera um dos blocos, há carências no Legislativo que devem ser exploradas para ser corrigidas, como a falta de unidade dos blocos. Ele admite que os grupos são articulados unicamente para preencher as vagas da Mesa Diretora e das comissões.
Pensamentos diferentes
"Os blocos na Assembleia, se formos analisar, não cumprem a finalidade de união", ressaltou o deputado, alegando que não se sente à vontade para encaminhar votos durante as votações da Casa por conta dos diferentes pensamentos do grupo. Mesquita destacou ainda que não são feitas reuniões no bloco.
No caso do grupo comandado por Roberto Mesquita, três deputados conseguiram presidir comissões, o que seria inviável se eles atuassem isoladamente. Júlio César Filho (PTN) comanda a comissão de Orçamento; Bethrose (PRP), a de Infância e Adolescência; e Bruno Pedrosa (PSC), a de Fiscalização e Controle. O grupo emplacou ainda quatro nomes na Mesa Diretora.
Outro bloco que não tem unidade é formado por PDT, PP, PEN e PSL, que abriga o líder do Governo, Evandro Leitão, e na ala oposta um dos principais opositores do Governo, Heitor Férrer, ambos do PDT.
Afinidade
Joaquim Noronha (PP) também tem contrariado a posição do grupo em algumas votações. No entanto, o deputado Zé Ailton Brasil (PP) disse que o grupo tem procurado se reunir para manter afinidade para além das acomodações na Casa. "Somente o deputado Heitor tem um posicionamento contrário, mas a gente deixou ele à vontade para trabalhar da forma que quisesse no grupo", alegou.
Vice-líder do maior grupo da Casa, a deputada Rachel Marques afirmou que o bloco tem discutido e buscado junto ao Governo todas as informações sobre matérias que chegam à Casa. Ela ressaltou que, a partir desse semestre, há necessidade de mais reuniões do grupo para unificar as decisões, especialmente em defesa do Governo.