Ivo Gomes (Pros) durante pronunciamento na Assembleia. Ex-secretário reassume mandato e prega independência
FOTO CAMILA DE ALMEIDA
Nem situação e nem oposição.
De acordo com Ivo Gomes (Pros), ex-secretário de Cidades do Estado, ele não reassume o mandato como deputado estadual para se situar em um dos dois campos. “Não vim para cá (Assembleia Legislativa) para ser oposição ou situação. Eu vim para defender os interesses dos cearenses. A pauta do governo, no que diz respeito à Casa, é lateral”, afirmou ontem.
LEIA TAMBÉMVotações começam semana que vemIvo deixou a Secretaria das Cidades no último dia 23 de julho após criticar a demora do governo Camilo em liberar recursos para pagamento dos servidores da Companhia Cearense de Transportes Metropolitanos do Metrô de Fortaleza (Metrofor). “Diante da situação, e sem meios para resolver o problema, o secretário entendeu por bem entregar o cargo ao governador”, registrou, em nota, a assessoria de Ivo Gomes.
Em seu lugar na pasta, entrou Lúcio Ferreira Gomes, irmão de Ivo, Cid e Ciro, gesto que afastaria a possibilidade de ruptura entre a família e o governador.
Do episódio, não restou nenhuma animosidade com o governador, conta Ivo.
O parlamentar classifica o relacionamento com o Palácio da Abolição como “normal” e sua saída da gestão como uma “página viradíssima”.
Para o líder do governo, Evandro Leitão (PDT), Ivo é um aliado. Ao O POVO, na edição de ontem, Leitão disse que o deputado “vai reforçar a bancada da situação e engrandecer ainda mais os debates no parlamento”.
“Obscurantismo”
Mal retornou, Ivo já comprou briga. Da tribuna, o ex-secretário de Cidades afirmou que volta à AL para “engrossar as fileiras contra o obscurantismo que ronda o País”. Segundo o irmão mais novo dos Ferreira Gomes, “as forças progressistas devem unir-se para combatê-lo, e eu estou aqui para isso”.
O deputado também falou em “sepultar o espectro conservador que ronda a sociedade”. O discurso rendeu polêmica. Dra. Silvana (PMDB) rebateu o discurso do recém-chegado à Casa e afirmou que não era democrático querer “sepultar” a opinião de um setor da sociedade.
Não foi o primeiro confronto entre os dois. Em fevereiro, quando o nome de Silvana foi ventilado para assumir a Comissão de Direitos Humanos da Casa, o então secretário criticou a escolha. “A Assembleia Legislativa e o PMDB se preparam para repetir a história. Terão um Marco Feliciano para chamar de seu”, declarou, referindo-se ao polêmico presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Federal eleito em 2013.
Entretanto, apesar de já ter sido chamada de “fundamentalista e homofóbica”, ao pedir aparte a Ivo, referiu-se a si mesma como “sua amiga, Dra. Silvana”.
Multimídia
Assista a vídeo sobre a retomada dos trabalhos na Assembleia Legislativa em
www.opovo.com.br/videos
Saiba mais
Ivo Gomes evitou falar na possibilidade de disputar a prefeitura de Sobral. “Isso está muito longe. Ano que vem a gente resolve isso aí”, declarou. O nome dele vem sido sondado para a disputa desde o começo do ano.
Carlomano Marques (PMDB) declarou desejar que a estada de Ivo seja mais longa desta vez. “Quando a gente vai procurar o deputado, ele foi puxado para outra secretaria”, brincou. Ivo foi anunciado como secretário das Cidades antes mesmo de tomar posse na Assembleia. Antes, ele, que já era deputado, passou bom tempo afastado, ocupando a secretaria de Educação de Fortaleza.
O tema da sexualidade não gerou polêmica só nos planos estaduais. Em junho, a Câmara Municipal aprovou emenda suprimindo o assunto do Plano Municipal de Educação. Nem a ampla maioria do governo na Casa, tampouco o apoio do presidente do Legislativo municipal, Salmito Filho (Pros), e do líder do governo, Evaldo Lima (PCdoB), foram capazes de evitar a alteração do texto-base.