Os integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) que ocupavam desde o dia 21 de junho de 2014 a Fazenda Santa Mônica, do senador Eunício Oliveira (PMDB), desocuparam a propriedade localizada entre as cidades de Corumbá e Alexânia, no interior de Goiás.
A desocupação teve início após acordo entre o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e o MST. O Governo Federal, através do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), adquiriu duas áreas em Goiás que servirão de assentamentos definitivos para as famílias que ocuparam a fazenda do senador. As áreas, somadas, totalizam 6,5 mil hectares.
O deputado estadual Danniel Oliveira (PMDB), sobrinho de Eunício Oliveira, explicou o Governo cumpre o acordo firmado durante o cumprimento da ordem judicial de reintegração de posse, em março do ano passado, quando prometeu reassentar famílias em outro local. E demorou ocasionando outra invasão. “Esperamos e aguardamos que, definitivamente, se coloque ponto final por parte do Governo, sem prejudicar terras produtivas. Lá, tinha uma plantação de soja e foi destruída. Desta vez, funcionários da fazenda saíram do local amedrontados”, salientou.
Em nota, tanto o Ministério do Desenvolvimento Agrário quanto o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) garantiam o compromisso e destacavam o papel dos dois órgãos nas negociações. Já o senador Eunício Oliveira não quis se manifestar sobre o assunto.
O gesto político acontece no momento em que a presidente Dilma Rousseff enfrenta a sua pior crise política desde que chegou ao poder. Diante da rebeldia do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o líder peemedebista tem sido visto, cada vez mais, como um aliado de primeira ordem para o Palácio do Planalto.
Segunda vez
Essa foi à segunda vez que a Fazenda Santa Mônica sofreu invasão do MST. A primeira ocorreu no ano passado durante a disputa eleitoral, onde Eunício Oliveira disputava o Governo do Ceará. Na ocasião, o MST justificou a invasão com o argumento de que as terras do senador seriam improdutivas e arrendadas para a produção de soja e milho. Segundo a entidade, esta teria sido a maior ocupação de terras em Goiás dos últimos dez anos. O peemedebista, porém, classificou a ação como “ato político” para beneficiar o então candidato Camilo Santana (PT) – hoje governador.
O assunto, inclusive, chegou a ser tema de pronunciamento na Assembleia Legislativa. O petista Elmano de Freitas, que chegou a visitar militantes do MST na fazenda de Eunício, pediu ao peemedebista que doasse a fazenda para reforma agrária. A equipe do jornal O Estado tentou ouvir Elmano, mas ele não atendeu as chamadas até o fechamento desta página.