10 ANOS E OUTRA CRISEEm conversas reservadas, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) revelou que o pior momento do escândalo do mensalão foi quando um então assessor petista foi preso com dinheiro na cueca. Incrédulo ao ver as informações no noticiário da noite de 8 de julho de 2005, ele disse a auxiliares que aquilo parecia um pesadelo. O “escândalo da cueca” completa 10 anos hoje e foi um divisor de águas para vários petistas. José Adalberto Vieira da Silva era assessor do então deputado estadual José Guimarães (PT) na Assembleia Legislativa e ocupava cargo na burocracia da direção estadual petista – na condição de secretário de organização do Diretório Estadual, tinha papel-chave nas articulações com aliados no Interior. No fim da manhã daquele dia 8, foi preso pela Polícia Federal no aeroporto de Congonhas, com 100 mil dólares numa cinta que ficava dentro da cueca e R$ 200 mil em uma valise. No dia seguinte, José Genoino, irmão de Guimarães, deixou a presidência nacional do PT. Foi o início de uma derrocada que o levaria à prisão. Guimarães, por sua vez, conseguiu surpreendente sobrevivência política e seguiu em ascensão. Foi eleito deputado federal no ano seguinte. Mais tarde, foi excluído da ação judicial, virou líder do PT e atualmente é líder do governo Dilma Rousseff (PT). Quem está pior ainda, 10 anos depois, é o governo petista, mergulhado em outra crise, que se apresenta ainda mais grave, pela dificuldade de reação do governo.