Declarando-se contrário à legalização da maconha, Lucílvio Girão levou o debate à tribuna, na manhã de ontem, e foi apoiado por alguns colegas
FOTO: FABIANE DE PAULA
O deputado Lucílvio Girão (SD) declarou, ontem, da tribuna da Assembleia, ser "totalmente contra" a legalização da maconha. Ele afirmou que há estudos que comprovam que o uso da erva traz grandes prejuízos à saúde, podendo inclusive causar doenças como a esquizofrenia e a psicose. Questionou ainda a eficácia da legalização para coibir o tráfico em outros países, como nos Estados Unidos e Uruguai.
O parlamentar apontou que o estado americano Colorado legalizou o produto para fins medicinais em 2003, esperando que o tráfico fosse fragilizado. "Não foi verdade, porque, nas lojas autorizadas, o produto era vendido por 36 dólares e, no tráfico, as pessoas compravam a mesma quantidade a 10 dólares. Não acaba o tráfico", apontou.
Para Lucílvio, que é médico, a legalização de outras drogas, como o álcool e o tabaco, não trouxe benefícios à população nem acabou com o tráfico. Ele lembrou que, na década de 50, vários jovens começaram a fumar estimulados pelo comportamento exibido por atores de cinema. "As doenças causadas pelo cigarro aumentaram bastante naquela época", lamentou.
Em relação ao consumo do álcool, ele afirmou ser um prejuízo grande à população, com o agravante de não haver fiscalização efetiva quanto ao consumo por menores nem campanhas educativas para o uso responsável. "Jovens estão nos bares e botequins, bebendo e trazendo prejuízo para as suas vidas. Sabemos que o uso contínuo do álcool, principalmente pelos idosos, levam à demência. E nos mais jovens, pode levar a uma cirrose", alertou.
O parlamentar apontou que, mesmo com a comercialização legal desses produtos, o contrabando continua. "Em várias regiões do País, o fumante diminui devido às leis mais rigorosas. Mas lá no sul do País, aumentou o consumo, porque lá o contrabando é intenso nas fronteiras. E não é só do cigarro, é da maconha, da cocaína, da arma", disse.
Em aparte, o deputado Ferreira Aragão (PDT) endossou o pronunciamento do colega e afirmou que no Uruguai, após a legalização no fim do ano passado do cultivo e venda da maconha, aumentaram os números de divórcios e de brigas.
Psicótico
O deputado Roberto Mesquita (PV) apontou o comportamento esquizofrênico e psicótico dos usuários de maconha e lamentou as propagandas em décadas passadas que disseminaram o hábito de fumar. "Sou fumante e lamento a cada dia. Minha geração foi levada a ser fumante por conta de propagandas". Capitão Wagner (PR) também declarou-se contrário à legalização da maconha e de outras drogas.
Ponderando que não se deve desconsiderar as repercussões do uso das drogas no corpo humano, Renato Roseno (PSOL) afirmou que a maconha "já está liberada". "Inclusive com o estímulo do mercado ilegal. Está comprovado que a ilegalidade patrocina e estimula o uso". Para ele, as experiências vividas por outros países mostram que não há explosão de consumo.
Roseno destacou que o debate sobre a legalização da maconha deve ser feito sem o calor das emoções e com racionalidade. "Não queremos patrocinar o uso do álcool, nem do tabaco, nem de qualquer outra substância, mas a regulação pode, inclusive, diminuir o consumo". Ele citou que a legalidade da Marcha da Maconha foi reconhecida pelo Supremo Tribunal Federal (STF). "E eu estive lá", disse.