Com a morte do deputado estadual José Welington Landim (Pros), 59 anos, em decorrência de uma meningite, subiu para três o número de óbitos confirmados em decorrência da doença, no Ceará, este ano. A situação, entretanto, não inspira preocupação. Segundo infectologistas ouvidos pelo O POVO, os números registrados até agora têm se mantido dentro da normalidade para a época e é observada, inclusive, uma queda na quantidade de pessoas infectadas.
Em nota, o Hospital São José (HSJ) - principal unidade para tratamento de doenças do gênero - assinalou que não existe mudança no padrão de ocorrência da meningite em relação aos anos anteriores. A doença, dividida entre os tipos bacteriano e viral, é um processo inflamatório das meninges, as membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal.
Os principais sintomas são dor de cabeça, febre, vômito, náuseas e rigidez no pescoço. Manchas avermelhadas também podem surgir em algumas situações. Entre as crianças, alerta o médico Robério Dias Leite, professor da Universidade Federal do Ceará (UFC), é mais difícil identificar os sinais e os pediatras precisam ficar atentos (ver quadro).
“No ano de 2012, entre os meses de janeiro a maio, foram confirmados 56 casos, em 2013, 23 casos, em 2014, 16 casos e em 2015, 12 casos. Percebe-se a tendência decrescente no número de casos confirmados no período analisado”, ponderou a Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), em nota técnica divulgada na última sexta-feira, 5. A maior incidência está no Interior, que teve dez pessoas atingidas pela meningite. Em Fortaleza, foram apenas dois casos - segundo a nota técnica.
Conforme explica Robério Dias Leite, que também é médico do HSJ, somente o exame clínico poderá definir se a meningite é bacteriana ou viral. O tratamento é feito de acordo com o tipo da doença. A bacteriana, que vitimou o parlamentar Welington Landim, é mais agressiva e tende a deixar sequelas.
Impacto emocional
“A meningite sempre é uma doença que causa impacto emocional forte. Embora, do ponto de vista epidemiológico, seja de menor importância em relação a outras doenças. Então, na verdade, podemos considerar que existe este cunho emocional. E circulou a notícia como um surto, que, na realidade, não está ocorrendo”, esclarece Robério.
Para o diretor-geral do Hospital São José, Roberto da Justa, não existem indicadores suficientes para classificar a ocorrência de casos, em 2015, como surto. Ele também explica que, em situações mais raras, fungos e razões não infecciosas podem levar o paciente a ter quadros de meningite.
O cuidado, portanto, deve estar embasado na observação dos sintomas e no exame médico. “São três sintomas marcantes: dor de cabeça, vômitos e rigidez no pescoço. Essa tríade é muito clássica na meningite, mas também tem febre. Se a doença tiver evoluído para forma mais grave, o paciente pode ter quadros convulsivos”, afirma Roberto da Justa, que também é vice-presidente da Sociedade Cearense de Infectologia.
Números
12 é o número de casos confirmados da doença na nota técnica divulgada pela Sesa
3 é o número de pessoas que morreram, no Ceará este ano, devido à doença
Saiba mais
Em 2015, no Ceará, a maior incidência de meningite está na faixa etária entre 15 e 29 anos - constatou a nota técnica divulgada pela Secretaria da Saúde do Estado (Sesa). Sendo justificada, diz o texto, pela ocorrência da doença em populações mais vulneráveis. Foram registrados quatro casos da doença em dois presídios do Estado.
“No Brasil, existem vacinas para prevenir alguns tipos de meningite, que estão no calendário básico de vacinação da criança. A maior incidência entre os anos de 2012 e 2014 ocorreu entre crianças com menos de um ano de idade. Entre as vacinas disponíveis para menores de um ano está a pneumocócica 10-valente, que previne contra a meningite pneumocócica”, informou a Sesa.