Em entrevista exclusiva ao jornal O Estado, o deputado Heitor Férrer (PDT) falou sobre as eleições de 2016. Disse que “possivelmente” será candidato à Prefeitura de Fortaleza e ainda apontou nomes que ponderou ser quase “certos” para concorrer ao próximo pleito. De acordo com Heitor, o prefeito Roberto Cláudio pode concorrer à reeleição de maneira “fragilizada”, por não ter o PMDB ao seu lado, o que diminui tempo de TV e na estrutura de campanha. O pedetista analisou ainda as gestões do ex-governador Cid Comes (Pros), do atual governador Camilo Santana (PT) e do prefeito Roberto Cláudio (Pros).Na entrevista, que também pode ser vista em vídeo pela TV O Estado, no portal O Estado Online (www.oestadoce.com.br), Heitor também discorreu sobre a nova legislatura da Assembleia Legislativa, que tem uma oposição mais organizada. Entre os assuntos em que trará nos próximos pronunciamentos, Heitor citou o ISGH, que presta serviço hospitalar ao Governo do Estado, desde a gestão de Cid Gomes, onde criticou ser uma secretaria dentro da Secretaria da Saúde do Governo do Estado.
O Estado - Internamente, como andam as conversas sobre 2016? E os aliados?Heitor Férrer - Nós não somos candidatos de nós mesmos. Isso passa pelo presidente regional, André Figueiredo, e pela direção nacional. Se eles entendem que pela desenvoltura que tivemos na eleição passada, nós somos um nome que aglutina, não só o partido, mas outras legendas para disputar a eleição de Fortaleza, o meu nome está à disposição. Seria hipocrisia, fingimento, dizer que nós não temos a mesma pretensão de que há três anos atrás. Quem teve o percentual de aceitação que eu tive, naturalmente é candidato no mesmo processo. Mas, a presidência do meu partido terá de decidir e iniciar as conversas. Mas, isso, se o partido decidir que teremos candidatura própria.
OE - O senhor é um nome “forte” de oposição? Como o senhor analisa sua liderança?HF - A importância do bom mandato é isso. Você faz uma boa sintonia com a população, que acompanha a política, até mesmo de relance. E isso nos dá credibilidade. A campanha para prefeito em 2012 é um exemplo disso. A campanha foi pequena, onde tínhamos sete carros de som e 35 ativistas, e conseguimos um percentual de quase 21%. A diferença para o candidato do governador e atual prefeito foi de apenas 29 mil votos de diferença. Ou seja, se 15 mil têm votado no nosso nome, teríamos ido para o segundo turno. Mas, fomos ludibriados pela campanha eleitoral, até entramos com ação contra os institutos de pesquisas, porque foi indutora da nossa derrota.
OE – Quais os nomes mais prováveis para disputa em 2016?HF - Vejo que o ex-governador [Cid Gomes] perdeu um grande aliado. Eles já não contam com a facilitação de ter o PMDB ao seu lado, com apoio de estrutura e tempo de televisão. Isso já fragiliza o atual prefeito [Roberto Cláudio] que é do Pros. Interpreto que o PT terá de trabalhar muito internamente para viabilizar uma candidatura, ou do Elmano [de Freitas] ou da Luizianne Lins. São os nomes mais em evidência. Luizianne já foi prefeita e ele já disputou. Temos, ainda, uma candidatura nossa, claro, se a cúpula do PDT viabilizar. Podemos ter ainda, um candidato do PMDB. O Senador Eunício Oliveira, hoje, tem esse indicativo, inclusive, organizou o partido para isso. Podemos ter ainda, um candidato do PSDB e um do PSol. O deputado Renato Roseno, provavelmente deve ser candidato, assim como o deputado federal Moroni Torgan, que deve ser aliado do PSDB. Esses nomes são praticamente certos para disputar a Prefeitura de Fortaleza.
OE - Na sua visão, a saída de Cid Gomes do Ministério da Educação, no governo Dilma, distanciou a União do Governo Estadual? Isso prejudica as relações?HF - Na verdade, houve perda de prestigio do grupo Ferreira Gomes. Quem tinha um ministério e saiu da forma como saiu, perdeu prestigio. Foi muito constrangedora a entrada dele no episódio, assim como a saída, embora Cid tenha dito o que muitos brasileiros gostariam de ter se manifestado. Mas, não creio que isso tenha afastado o Governo Federal do governo do PT.
OE - Qual avaliação o senhor faz das obras deixadas pela gestão anterior?HF - Desde o início fiz críticas ao programa Ronda do Quarteirão. Primeiro, o certame direcionado para ser vencedora a Toyota do Brasil. E disse que o expediente das revisões, era um largo enriquecimento dos amigos do governador. De 200 milhões, nós cearense pagamos 86 milhões só com revisão. E o fracasso do programa, uma vez que a violência aumentou 150%. O Governo que mais gastou e mais a violência se efetivou, o que é um contrassenso. Tanto é, que Camilo está mudando. Agora, está dando uma roupagem mais parecida com o Raio. Acquario, a polêmica casa de peixe. Isso não é prioridade. E se continua nessa insanidade. O empréstimo não foi autorizado pelo Senado Federal, não foram concluídas as obras. Vamos pagar uma obra que não vai melhorar a vida das pessoas. Por isso, sou contra o Acquario. É um ponto fora da curva. Também faço críticas as obras paradas depois do legado da Copa do mundo. Tirando as avenidas Alberto Craveiro e a Paulino Rocha, nada foi feito em Fortaleza. Foi uma verdadeira mentira oficial. A não ser a construção do Estádio Castelão e duas avenidas. Além de que, o VLT está abandonado.
OE - Qual sua avaliação do governo Camilo Santana? Já dá para fazer uma análise?HF - É um governo inodoro, insípido e incolor. Não tem cheiro, não tem paladar e não tem cor, porque ainda não há tempo e nem dinheiro. O governador do Estado e as contas da relatora Soraya Victor mostram isso. O governo anterior deixou para o governo Camilo um aumento da dívida e deixou um déficit primário. Camilo não diz, porque é aliado do ex-governador. Há um déficit de R$ 1 bilhão e R$ 290 milhões que não sabemos para onde foi. Está na relatoria do Doutora. Soraya Victor e iremos levantar na Assembleia, quando da aprovação ou não das contas do ex-governador Cid Gomes.
OE - Como isso prejudica o desenvolvimento do Estado?HF - O prejuízo está posto. Basta ver as obras paradas. Estamos com licitações atrasadas. Com pagamentos de hospitais, que os servidores têm convênios e estão atrasados e não estão podendo marcar consultas, nem internações. Existe um prejuízo de ordem financeira e moral. Esse prejuízo por obras inacabadas, por exemplo, acaba levando a um prejuízo maior. Quando você vê um Cinturão das Águas parado, uma construção do VLT parado, isso gera novos prejuízos. Porque obra parada se deteriora e você tem de reiniciar, voltando a um ponto que já estava avançado. Portanto, um prejuízo a mais. E o Camilo nada pode dizer, porque é um aliado e não vai cometer essa ingratidão.
OE - E a sua avaliação do prefeito Roberto Cláudio?HF - O prefeito Roberto Cláudio, embora muitas críticas tenho visto por onde ando, ele tem feito obras que mudaram a mobilidade urbana, como os binários, os viadutos, prestigiando a bicicleta, por meio de ciclofaixas, acho medidas extremamente importantes. No entanto, há uma grande crítica com relação ao prefeito, que diz respeito ao atendimento médico. As pessoas que moram nas periferias, têm reclamado de maneira muito contundente de que não há médicos, não há medicações, portanto, não há atendimento à saúde na rede primária, o que é muito ruim. Há outra reclamação com relação à sujeira a as danificações das vias públicas. O que não entendemos, pois quem está à frente é Marquise, que é exerce suas atividades em outras praças e sabemos de suas capacidades de dar soluções a isso. Bem como há reclamações, com relação à iluminação pública.
OE - A oposição na Assembleia Legislativa tem se fortalecido, como o senhor observa essa nova composição e a nova legislatura?HF - É muito importante nessa composição de forças, a oposição ter condições de gritar e muitas vezes ter a condição de mudar o rumo de como as coisas são efetivadas e praticadas. A oposição que hoje é o PR, PMDB e alguns outros partidos independentes como o PDT, nós damos as condições de que pelo menos entre os 45 deputados, ter cerca de 13 que se pronunciam no sentido de cobrar do Governo políticas públicas, para a melhoria da qualidade de vida de todos. Não é que os aliados ao Governo não possam ter o mesmo discurso, mas não podem cobrar com a mesma ênfase que nós cobramos. Eles, obviamente buscam soluções a respeito da execução das tarefas do Executivo, mas nós cobramos soluções no mesmo sentido que os deputados da base cobram, mas nós enfatizamos essas cobranças na tribuna da Assembleia, para que a sociedade saiba que nós estamos lutando e gritando pelo seu bem estar.
OE - O senhor prometeu novas informações e documentos sobre irregularidades na área da Saúde. O que pretende levar à tribuna da Assembleia Legislativa nas próximas semanas?HF - Como já disse em pronunciamentos recentes, é uma secretaria dentro de outra. Não consigo entender como a Secretaria de Saúde tem secretário, cargos comissionados, cargos de confiança, servidores públicos, terceirizados e ainda contratam uma um órgão para receber dinheiro público e tratá-lo como dinheiro privado. A ponte que, de toda a verba da saúde, as documentações que tenho mostram que o ISGH detém 31% da verba da saúde do Estado e atende aos hospitais, uma demanda apenas de 15%. Portanto, essa conta não bate e continuaremos a denunciar isso nos próximos pronunciamentos. Quem tem dignidade, não permite esse estatus quo. Você ser secretário e permitir que dentro da Secretaria se tenha outra, tão forte quanto a secretaria do Governo. Vou entrar com um pedido de uma Comissão de Parlamentar de Inquérito sobre o ISGH.
Glossário
ISGH: Instituto de Saúde e Gestão Hospitalar. A Organização Social presta serviços ao Governo do Estado deste a gestão do ex-governador Cid Cid Gomes (Pros)
O que é Status Quo: Status Quo significa estado atual, e é um termo em latim. O status quo está relacionado ao estado de fatos, situações e coisas, independente do momento.