Deputados estaduais externaram preocupação com a paralisação das obras da transposição do Rio São Francisco. As obras, no trecho entre os municípios cearenses de Brejo Santo e Jati, estão paralisadas desde ontem. Os operários decidiram cruzar os braços, de acordo com o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Construção de Estradas, Pavimentação e Terraplanagem do Estado do Ceará (Sintepav), em virtude de impasse nas negociações salariais. A entidade sindical pede reajuste de 13%, enquanto a Serviseng, empresa responsável pela obra, oferece 8%.
A obra da transposição é apontada pelo governo estadual como fundamental para enfrentar a seca no Estado. Em visita, na última sexta-feira (22), às obras do Projeto São Francisco e do Cinturão das Águas do Ceará (CAC), na Região do Cariri, o governador Camilo Santana deixou claro que conta com a conclusão da obra para garantir a segurança hídrica do Ceará.
“A garantia da transposição para o ano que vem, entrando no Ceará pelo Cinturão das Águas, representa a garantia de que 2/3 da população do Estado, nas regiões do Cariri, Jaguaribe, Fortaleza e Região Metropolitana, não tenham problema de abastecimento de água”, disse Camilo antes da paralisação.
Repercussão
O deputado estadual, Fernando Hugo (SD), argumentou, em entrevista ao jornal O Estado, que o problema está associado ao ajuste fiscal promovido pelo governo federal. Segundo destacou o parlamentar, a paralisação já era esperada. “Já era esperada por conta do desgoverno petista de Dilma Rousseff, que levou o Brasil a uma situação de falência, e a presidente, com seu staff ministerial, ao invés de restringir custeio pessoal, prefere cortar do Orçamento, principalmente área pétreas como saúde, educação e infraestrutura. O que já era ruim, em termos de aceleração das obras, ficará pior, tirando, de forma criminosa, do Nordeste a esperança de termos, em 2016, esta obra tão esperada”, avaliou o deputado.
Fernando Hugo afirmou, ainda que, agora, é esperar por mudanças na quadra invernosa – período de chuvas no Nordeste -, caso contrário, não teremos água nem mesmo para cozinhar os alimentos.
Segundo o Portal Hidrológico do Ceará, dos 151 reservatórios monitorados, apenas seis estão com 90 % de sua capacidade. No total, o Ceará conta com apenas 19,7% da capacidade de seus açudes.
Rachel Marques (PT), vice-líder do Governo na AL, disse reconhecer ser legítimo o direito de greve, entretanto, espera que existam propostas melhores e as obras sejam retomadas. A obra da transposição das águas do Rio São Francisco está estimada em um investimento de R$ 8,2 bilhões. De acordo com ministro Gilberto Occhi, da Integração Nacional, tudo deve estar pronto até 2016.
Impasse
De acordo com o presidente do Sintepav, Raimundo Nonato Gomes, a greve segue por tempo indeterminado. Uma nova assembleia da categoria está prevista para o dia 1º de junho. A Serveng, procurada pela reportagem, afirmou que não iria se pronunciar. O projeto tem extensão total de 469 quilômetros e a estimativa é que 11,6 milhões de pessoas sejam atendidas com fornecimento de água em cidades do Ceará, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte.