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Ceará registrou 381 casos de janeiro a abril de 2015 - QR Code Friendly
Segunda, 18 Mai 2015 07:55

Ceará registrou 381 casos de janeiro a abril de 2015

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As crianças que passam por este tipo de situação não encontram facilidade em delatar seu agressor porque geralmente é alguém próximo As crianças que passam por este tipo de situação não encontram facilidade em delatar seu agressor porque geralmente é alguém próximo FOTO: MARÍLIA CORDEIRO
  Nesta segunda-feira, 18, celebra-se o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, data que representa um marco na luta em defesa dos direitos da população infanto-juvenil brasileira. Entretanto, o tempo não é para comemorações. Tendo como base as estatísticas da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), o Ceará registrou 381 casos de violação sexual a menores de idade somente de janeiro a abril de 2015. >Ato pede a atenção pública Em todo o ano passado, o órgão estadual contabilizou 1.371 ocorrências deste tipo, sendo que 742 envolviam crianças de até 11 anos de idade. A título de comparação, é como se, a cada quatro dias, 15 novas vítimas fossem feitas. Com o objetivo de trazer este assunto ao debate na Capital cearense, diversas entidades ligadas à defesa dos direitos das crianças e dos adolescentes estão realizando uma série de ações educativas ao longo desta semana, em vários pontos da cidade. As atividades em alusão ao dia 18 tiveram início na última sexta-feira, com a palestra "Proteja Brasil: crianças e adolescentes livres da violência", realizada na Assembleia Legislativa, por iniciativa da Prefeitura de Fortaleza e do governo do Estado. Na oportunidade, a psicóloga Helena Damasceno, que foi vítima de abuso sexual dos cinco aos 19 anos, contou como foi a experiência de ter tido a inocência interrompida pelas agressões de um tio, dentro da própria casa em que morava. "Tive comprometida toda a infância, toda a adolescência e o início da vida adulta. Isso numa época em que não havia os mecanismos de amparo que existem hoje. Eu não fui a primeira, nem a última vítima do mesmo agressor, dentro da mesma família, no mesmo espaço", relembra. Para a psicóloga, as crianças que passam por este tipo de situação não encontram facilidade em delatar seus agressores. "É extremamente delicado dizer que foi o pai ou o tio. Mas, é sempre alguém que detém a confiança da criança. Sempre alguém que ela ama, admira e confia. O agressor não precisa ter uma faca ou um revólver. Ele é a própria arma. O olhar, o suor, o nome, a voz, a sombra, e até o simples fato de ele existir já intimidam a vítima", explica. Ainda conforme Helena, caso não haja uma quebra na sequência de atos criminosos direcionados às vitimas, elas tendem a achar a situação natural. "Quando a violência não é interrompida, tem desdobramentos em algum lugar. As crianças serão adultos que vão, de alguma maneira, replicar essa violência", finaliza. Na Capital, um dos principais trabalhos de acolhimento a vítimas de abuso sexual infanto-juvenil é feito pela Fundação da Criança e da Família Cidadã (Funci), vinculada à Secretaria Municipal de Trabalho, Desenvolvimento Social e Combate à Fome (Setra). Segundo dados da entidade, as regiões da cidade que mais necessitam de atenção são as que compreendem a Barra do Ceará, o entorno do Castelão e as saídas para as rodovias federais. Entretanto, áreas turísticas, como a Avenida Beira-Mar e a Praia de Iracema também são alvo de ações, sobretudo educativas. "O tema não é fácil de ser trabalhado, mas é real", pondera a presidente da Funci, Tânia Gurgel. Para a assistente social, prevenir a violação sexual é a melhor maneira de combatê-la. "Escolas de qualidade, atividades fora do horário de classe, rodas de conversas com adolescentes são algumas das principais medidas para evitar situações de abuso. O discurso de um professor feito de maneira didática tem resultado fantástico", destaca Tânia. A Funci atua com assistentes sociais e psicólogos e conta com a assistência de instituições vinculadas à área da saúde, como os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS). Quando o ato de violação é consumado, a entidade passa a trabalhar em duas frentes específicas, sendo uma voltada à família, visando à conscientização dos parentes, e outra à vítima, no sentido de tentar reduzir possíveis traumas. Entretanto, segundo Tânia, cada caso necessita de um tratamento específico. "Não há uma fórmula, e é por isso que o desafio é muito grande", ressalta. Hoje será promovida caminhada, na Avenida Beira-Mar, a partir das 16h, como forma de chamar a atenção dos frequentadores da área. Amanhã e na quarta-feira, as atividades serão no Cuca Barra, com apresentações artísticas voltadas para o tema. Bruno MotaRepórter
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