Por dois meses e meio, o então ministro Cid Gomes ficou em casa da área nobre de Brasília mantida pelo Governo do Ceará
FOTO: WILSON DIAS/ABR
O deputado oposicionista Capitão Wagner (PR) solicitará ao Governo do Estado esclarecimentos sobre a estadia do então ministro da Educação Cid Gomes (Pros) na Coordenadoria de Representação em Brasília (Coreb). Conforme foi publicado pela revista Época desta semana, Cid passou seu tempo à frente da pasta morando na sede do órgão, uma casa que é mantida pelo Palácio da Abolição.
LEIA TAMBÉMVereadores de Fortaleza querem votar moção de repúdio a Eduardo CunhaO parlamentar deseja saber como se deu a estadia do ministro e se houve custos. Sobre sua visão acerca do episódio, Wagner - que, durante a gestão Cid, foi um dos principais adversários políticos do governo - afirma que “apesar de absurdo, a gente não se surpreende”.
Quem também quer explicações do governo é Fernanda Pessoa, também do PR. “Acho importante o governador dizer o que ele acha”, explica. A deputada desaprova o uso do Coreb por Cid. Sobre a alegação do governo - de que a residência oficial estaria em obras -, ela diz que o ex-governador poderia ter procurado um hotel.
Para Renato Roseno (Psol), “quem deveria, obrigatoriamente, oferecer residência era o ente governo federal”. O parlamentar diz que, às vezes, há uma “excessiva informalidade”.
Base aliada
No lado governista, entretanto, o episódio é minimizado. “O ex-ministro e ex-governador ficou em um cômodo, sem custos para o Ceará”, declara o líder do governo, Evandro Leitão (PDT). Ele destaca que a situação do então gestor do MEC era transitória e que o Coreb tem estrutura voltada para a hospedagem de autoridades. “Secretários, por exemplo, podem ficar na Casa se desejarem”, declara.
O vice-líder Júlio César Filho (PTN) abraça os mesmos argumentos. Ele faz questão de destacar ainda que, no Coreb, trabalham funcionários de vários órgãos do Ceará. “Eles trabalham acompanhando os temas e matérias de interesse das suas pastas e do Ceará junto aos órgãos em Brasília”, explica o parlamentar.
Tais argumentos são parcialmente aceitos por Roberto Mesquita (PV), parlamentar de oposição. Ele afirma que o episódio de Cid morando no Coreb casou-lhe estranhamento. Entretanto, concorda que não foram gerados custos novos para o Estado. “Não vejo motivo para maiores polêmicas”, diz. Porém, o parlamentar também declara que o órgão não é o local adequado para receber o ministro já que, segundo ele, não foi projetado com esse fim.
O Coreb foi criado em 2011, ainda na gestão Cid, e o aluguel do imóvel, em área nobre de Brasília, custa, atualmente, mais de R$ 19 mil aos cofres do Estado. De acordo com o Executivo, é normal que os estados mantenham órgãos do tipo. Também afirma que Cid fez uso de um cômodo enquanto a residência oficial do então ministro estava em obras.
NÚMEROS
R$19 mil
é o valor do aluguel da sede do Coreb, uma casa na área nobre de Brasília