A deputada Fernanda Pessoa afirma que o excesso de bebida alcoólica consumida por jovens se tornou alarmante e cobra ação do poder público
FOTO: JOSÉ LEOMAR
A deputada Fernanda Pessoa (PR) foi à tribuna da Assembleia, terça-feira, pedir mais fiscalização do poder público para coibir a venda de bebidas a menores de 18 anos. Para a parlamentar, o consumo irresponsável do álcool por parte de jovens se tornou alarmante.
Segundo a parlamentar, 60% das pessoas atendidas no Carnaval por abuso do álcool na unidade do Posto Médico Avançado da Praia de Iracema eram adolescentes, na maioria das vezes sem a companhia de responsáveis e sem documento de identificação. "O alto número de crianças e adolescentes com sintomas de uso de álcool e outras drogas causou estranheza nos próprios profissionais de saúde", disse.
Fernanda destacou a que, segundo dados do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid) e da Secretaria Nacional Antidrogas (Senad), o consumo de álcool no Brasil por adolescentes de 12 a 17 anos atinge 54% dos entrevistados, dos quais 7% já apresentam dependência. Já em relação a jovens de 18 a 24 anos, 78% já fizeram uso da substância e 19% deles seriam dependentes.
"As pesquisas apontam ainda que os jovens começam a beber cada vez mais cedo e também tem crescido o número de meninas que bebem tanto ou mais que os meninos", destacou a parlamentar. "O álcool, por ser vendido livremente, é o que mais causa dependência", completa.
A republicana informou que, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), o Brasil é o terceiro país da América Latina com o maior número de jovens que consomem álcool. Destacando a aprovação de lei que torna crime a venda de bebidas alcoólicas para menores de 18 anos, aprovada na Câmara dos Deputados na semana passada, Fernanda defender ser preciso avançar, ampliando a fiscalização em bares, casas noturnas e festas.
Esportes
Ela ainda sugeriu a criação da Semana de Incentivo à Prática de Esportes nas escolas do ensino público do Estado. "Sei que a campanha sozinha não evitará que o jovem se envolva com as drogas. É preciso também o fornecimento de informações e mensagens educativas sobre os efeitos do álcool e das drogas".
A deputada ressaltou o papel da família na conscientização dos jovens. "Caros pais, mães, avós, saibam que muitas vezes o álcool e o tabaco são a porta de entrada para outros tipos de substâncias", alertou. Em aparte, Mirian Sobreira (PROS) endossou o discurso da colega, destacando ser comum ver jovens embriagados em festas de 15 anos na frente de familiares.
"A legislação quer punir o comerciante que vende a bebida, mas não quer punir o pai que deixa o filho beber e até incentiva. São várias ações que devem ser feitas, mas principalmente a questão da família. Não podemos deixar que os meninos troquem as mamadeiras, o leite com achocolatado, por álcool. As famílias precisam se conscientizar", corroborou a deputada.
Ely Aguiar (PSDC), por sua vez, afirmou que está havendo uma inversão de valores na sociedade. "Não vejo o Governo reverter essa situação, porque não vejo boa vontade, nem políticas concretas voltadas para inibir o consumo. O que vemos é movimento pela legalização da maconha, que é um retrocesso. Se não cuidarmos das nossas crianças, o futuro é incerto", opinou o parlamentar.