O governador Camilo Santana apresentou, ontem, na Assembleia Legislativa, o Plano Estadual de Convivência com a Seca. O plano prevê medidas emergenciais, estruturantes e complementares em cinco eixos de atuação: segurança hídrica, segurança alimentar, sustentabilidade econômica, conhecimento e inovação. As ações emergenciais, que buscam diminuição dos efeitos da seca em curto prazo, estão orçadas em R$ 620 milhões, sendo R$ 117 milhões em recursos do Estado e o restante do governo federal. Já as ações estruturantes, que objetivam a redução dos efeitos da seca em médio e longo prazos, contam com cerca de R$ 5,5 bilhões, sendo cerca de R$ 1 bilhão do Ceará e o restante da União.
O governador viajou na noite de ontem para Brasília, para entre outros compromissos, cobrar ao ministro da Integração Nacional, Gilberto Occhi, o apoio financeiro prometido pela presidente Dilma Rousseff (PT) e que dará norte ao plano apresentando ao Legislativo.
Dentro das ações emergenciais, o governador citou os carros-pipa, a construção de adutoras e poços profundos, com maiores prioridades. Os deputados Danniel Oliveira (PMDB), Fernanda Pessoa (PR), Audic Mota (PMDB) e Joaquim Noronha (PP) cobraram maior empenho do governo na compra de máquinas perfuratrizes para a construção de poços no interior do Estado. Em resposta, o governador afirmou que já falou com o presidente da Assembleia, Zezinho Albuquerque (Pros), pedindo que a Casa autorize a contratação de mais empresas para aumentar a perfuração de poços. Ele admite que os recursos atuais do Estado não são suficientes.
“As ações emergenciais para o interior são carro-pipa para onde não há alternativa; é poço profundo onde tem possibilidade de água no subterrâneo e adutora de montagem rápida, uma tecnologia que o próprio Ceará implementou nos últimos anos, que permite estalar uma adutora no prazo de 90 a 120 dias”.
O governador esclareceu que as obras estruturantes envolvem a transferência hídrica, como a finalização do trecho 1 do Cinturão das Águas, o início do trecho 2 da obra, a duplicação do Eixão das Águas, a construção de seis barragens, além de cisternas e adutoras. O projeto contempla ainda a implantação de reúso da água na Estação de Pré-Condicionamento de Esgoto do Complexo Industrial e Portuário do Pecém.
Camilo ainda destacou que, caso 2015 seja um ano de chuvas fracas, isso pode afetar 2016 e 2017. Para o governador, a conclusão das obras de Transposição do Rio São Francisco seriam a garantia de segurança hídrica para o Estado em um cenário fututro.
O plano
Camilo explicou que o projeto foi desenvolvido por uma equipe formada por gestores e técnicos de secretarias do Estado, da Casa Civil e do Gabinete do Governador, sob a coordenação da Secretaria de Planejamento e Gestão (Seplag), e está baseado na previsão de chuvas abaixo da média, divulgada pela Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme). Ele informou que a equipe vai participar de um fórum, na sexta-feira (27), na Assembleia Legislativa, para esclarecer dúvidas sobre o plano e as ações em questão.
“É um plano dinâmico, que pode sofrer alterações, a depender das chuvas. Esperamos que, com as medidas, possamos facilitar a convivência da população do interior com a seca e incentivá-la a um melhor aproveitamento da água”, afirmou Camilo.
O governador apontou que o plano procura ter vários objetivos. “Nós já estamos em uma situação crítica. O plano tem vários eixos, o problema da seca não é só água, é garantia de alimento e de trabalho; então, o plano tratá todos esses eixos. Mas, objetivamente, ele trata de ações urgentes, aí nós temos um acompanhamento permanente do nível de precipitações por municípios”, esclarece.