Mirian Sobreira, que vai assumir a Secretaria de Políticas sobre Drogas, diz que quer trabalhar em parceria com as demais pastas da gestão
FOTO: ÉRIKA FONSECA
A deputada Mirian Sobreira aguarda a aprovação de mensagem do Governo do Estado que trata da reforma administrativa para iniciar os trabalhos na futura Secretaria de Política sobre Drogas. Nos meses de janeiro e fevereiro, a parlamentar se dividiu entre Legislativos e as incursões feitas para assumir a nova pasta. Segundo ela, a prioridade é desenvolver pesquisas com institutos parceiros para mapear o tráfico de drogas no Ceará.
Para Sobreira, é preciso, inicialmente, fortalecer o Centro de Referência sobre Drogas (CRD), inaugurado no ano passado pelo ex-governador Cid Gomes. A nova secretaria, destaca, estará ligada à pasta da Segurança Pública por conta da relação entre a violência e o tráfico de drogas. A futura secretária diz ser necessário plano emergencial e outro a longo prazo. "Precisamos ter ações definidas. O CRD, por exemplo, precisa ser mais eficiente para dar uma maior resposta à sociedade sobre sua função", disse.
De acordo com Mirian Sobreira, será criado um centro de pesquisa e um observatório para definir os dados sobre drogas no Estado, a fim de identificar usuários de entorpecentes. "A gente não sabe sequer quem são os usuários de drogas no Ceará. Temos apenas uma pesquisa da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), mas no Estado nada de dados epidemiológicos nem programas de resultados", explicou.
A ideia, justifica, é trabalhar nos próximos anos para atingir a meta de reduzir a violência e o consumo de drogas no Estado. No que diz respeito à prevenção, a pasta vai contar com o apoio das secretarias de Educação e Desenvolvimento Social, além da do Esporte. "Temos que envolver todos para conquistarmos essa grande meta e expandir o projeto de discutir as drogas em todas as escolas dos municípios".
Metas
São três as metas da secretaria a serem realizadas em pareceria com outras pastas: tratamento, repressão e reintegração. No tratamento e reintegração haverá diálogo com a Secretaria de Saúde, responsável por cuidar dos dependentes químicos para, em seguida, reintegrá-los à sociedade. "Essa é a parte difícil, porque você coloca a pessoa na comunidade terapêutica e depois ela sai sem passar por um processo de reintegração", disse.
A repressão caberá às secretarias de Segurança e Justiça. A curto prazo, explica Sobreira, a intenção é que o CDR foque no acolhimento, pesquisa e busca de parcerias com ONGs e outras pastas da gestão estadual. "A nossa secretaria está relacionada com todas as outras quando se fala em capacitação, reintegração e prevenção", explicou.
Ela informa que algumas das 22 comunidades terapêuticas conveniadas com a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas já foram visitadas e estão sob análise de parcerias. "Não podemos ser a única forma de acolhimento dos usuários. É preciso, antes de tudo, aumentar os leitos de desintoxicação nos hospitais psiquiátricos e por isso temos que trabalhar em parceria".
"Reintegrar um usuário no trabalho é muito difícil", acrescenta, defendendo selos para empresas privadas que queiram trabalhar com dependentes químicos em tratamento.