A sociedade entre o diretor da Administradora Brasileira de Cartões (ABC), Bruno Barbosa Borges, e Luis Antônio Ribeiro Valadares de Sousa, genro do chefe da Casa Civil, Arialdo Pinho, que já se confirmava em várias empresas, como O POVO noticiou no último domingo, apresenta-se também em uma das instituições envolvidas no caso dos consignados do Governo do Estado. A Promus Intermediação de Negócios Ltda, que integra a rede que executa a concessão do crédito consignado, é mais uma amostra da relação entre os dois. Documentos da Junta Comercial indicam que Bruno Borges é sócio administrador da Promus. Além disso, a CCI que é de Valadares, também contratada para executar o crédito consignado a servidores públicos estaduais, aparece como sócia pessoa jurídica na Promus. Consta ainda no documento que o próprio Valadares é administrador dessa última empresa. De acordo com o deputado estadual Heitor Férrer (PDT), há ainda outra curiosidade que reforça o vínculo entre os dois. O Cartão Único - ferramenta de controle e gestão das margens consignadas dos servidores -, que é da empresa ABC, está registrado no nome de Valadares, por meio da CCI, afirma o deputado. “O registro do Cartão Único estranhamente é da CCI, de propriedade de Luís Antonio Ribeiro Valadares Sousa. A cumplicidade é desde a origem. Essa empresa ABC já ganhou o certame sob as bênçãos do direcionamento. Não teve concorrente”, denuncia Heitor Férrer. O titular da Promotoria de Defesa do Patrimônio Público do Ministério Público Estadual (MPE), Ricardo Rocha, está investigando as denúncias feitas pelo deputado em setembro do ano passado, mas prefere não emitir juízo de valor sobre o caso, por enquanto. “Essa documentação toda eu já tenho, está tudo nos autos. Eu não posso dar conclusão, porque tudo isso está sendo analisado ainda e o procedimento não terminou. Esses documentos nos levaram a requisitar vários outros para comprovar essas relações”, comentou o promotor. VínculosNo entanto, para Heitor Férrer, esses vínculos representam “o tiro de misericórdia do esquema onde eles são sócios oficialmente”. Hoje pela manhã, a partir das 8h30min, Heitor Férrer e outros deputados da oposição estarão no Ministério Público Estadual para colher informações sobre o andamento da investigação. O POVO tentou contato com o titular da Casa Civil, Arialdo Pinho, e com a Administradora Brasileira de Cartões (ABC), mas as assessorias de comunicação informaram que eles mantêm a decisão de não falar com a imprensa. Por quê ENTENDA A NOTÍCIA A ABC é investigada pelo MPE por ter contratado empresas do parente do secretário Arialdo Pinho para prestar serviços ao Governo. Além disso, é questionada por adotar taxas de juros acima do valor que poderia conceder. SERVIÇO Visita de comissão de deputados ao Ministério Público Estadual Quando: às 8h30min Onde: na sede da Procuradoria Geral de Justiça, na rua Assunção, 1.100 Entenda o caso 21/9/2011 O deputado Heitor Férrer (PDT) denuncia que a empresa Promus, de propriedade do genro do secretário estadual da Casa Civil, opera com exclusividade os empréstimos consignados para servidores do Estado. Ele também alega que os juros cobrados têm valor superior às taxas do mercado. 23/9/2011Governistas vão à tribuna da AL para negar que a Promus tivesse exclusividade nas operações de crédito. Mais tarde, ficaria comprovado que pelo menos outras 17 empresas prestariam esses serviços, após terem sido subcontratadas pela ABC, que venceu licitação em 2009. O nome e função das firmas contratadas pela ABC ainda não havia sido divulgado. 3/4/2012O Governo endurece e emite nota cobrando explicações à ABC. Ele alega que já vinha solicitando à empresa que esclarecesse a forma de funcionamento da rede de firmas que atuam nos consignados. O governador Cid Gomes disse não crer em irregularidades. 4/4/2012 Por meio de nota oficial, a ABC se eximiu da responsabilidade sobre as taxas de juros e argumenta que os valores cobrados não são abusivos. O Governo se disse insatisfeito com as explicações da empresa. 13/4/2012Seplag decide rescindir o contrato com a ABC, alegando ter identificado a possibilidade de oferecer empréstimo aos servidores cobrando juros menores. O titular da pasta, Eduardo Diogo, disse que o Governo ainda buscará informações sobre as relações entre as empresas contratadas.