A atitude do governador do Ceará, Camilo Santana (PT), em comparecer na noite da última quarta-feira (14) ao velório do policial militar Samuel Rodrigues Tabosa, assassinado a tiros na porta de casa, repercutiu positivamente no meio político e dentro da Polícia Militar, categoria que foi a “pedra no sapato” do ex-governador, Cid Gomes (Pros). O governador petista estava acompanhado do secretário de Segurança Pública do Estado, Delci Teixeira, e permaneceu no local por aproximadamente meia hora.
O deputado estadual, Capitão Wagner (PR), que foi líder na greve da Polícia Militar em 2012 e, desde então, passou a representar a categoria dos profissionais da segurança insatisfeitos com as ações do Governo do Estado, exaltou a atitude de Camilo e ainda afirmou que, apesar de inesperada, a postura do governador apenas condiz com a abertura de diálogo e mudança de postura que o novo governo vem apresentando.
Wagner, que já foi recebido por Camilo em audiência no Palácio da Abolição, disse esperar que o novo gestor do Estado permaneça na mesma linha. “Nós avaliamos de maneira bastante positiva. A priori, o comportamento é bem diferente do que vínhamos tendo no governo anterior. A categoria da Polícia Militar comemora a atitude tanto do governador quanto do secretário. Nossa expectativa é de que essa abertura, essa bandeira que o governador está levantando, continue”, pontuou.
Camilo vem demonstrando, desde o primeiro dia de seu governo, um cuidado especial com o tratamento concedido à PM. Entre as estratégias do governador para acalmar a tropa, está o diálogo e aproximação com a categoria. A questão da segurança foi muito explorada na campanha eleitoral e realmente é um problema grave no Estado. O cientista político Francisco Moreira avalia que a postura do governador foi a de um “verdadeiro comandante”, em que ele deixa claro que “não irá abandonar a tropa”.
“É positivo, não só a abertura de diálogo, mas também que isso venha associado a outro aspecto, quanto ao fato de ele (Camilo) ser o ‘comandante’ maior. Por ele ser o governador, e o policial, um servidor do Estado. Na minha concepção, Camilo demonstra para a categoria, com essa atitude, que estará sempre presente”, avalia Moreira.
O cientista político ainda ressalta a atitude do governador como “simbólica” devido às desavenças da categoria com o governo anterior. “Essa atitude do governador tem um aspecto simbólico muito grande, que, de certa forma, já nos primeiros dias de seu governo, vem demonstrando uma tentativa de aproximação com a Policia Militar, afastando um mal estar que existia anteriormente no governo de Cid Gomes”.
CEARÁ PACÍFICO
Como medida para melhorar a segurança pública no Estado, Camilo começou a desenvolver o comitê de estudos sobre violência no Brasil, o “Ceará Pacífico”, que promete envolver uma série de pastas estaduais, dentro da filosofia de que a luta contra a violência passa por escola, cultura, trabalho, lazer e ações preventivas e coercitivas de combate ao crime.
Durante a primeira reunião de planejamento do comitê, o governador informou que já está mobilizando todas as entidades cearenses, tais como o Ministério Público e o Tribunal de Justiça, e que, nos próximos dois meses, o plano será desenvolvido para ser apresentado à população no máximo em 90 dias.
O governador ainda ressaltou que algumas ações específicas já estão sendo trabalhadas em paralelo ao desenvolvido pelo comitê Ceará Pacífico. Ele citou, como exemplo, a reestruturação do Ronda do Quarteirão, que já está sendo discutida.