A suspensão de entrada de novos pacientes, por 48 horas, no Hospital Geral de Fortaleza (HGF), é apontada por deputados de oposição como a primeira “grande falha” do governo de Camilo Santana (PT). O deputado Heitor Férrer (PDT) disse a O Estado que, se a situação não for resolvida em 48 horas, ele irá efetuar uma denuncia junto ao Ministério Público do Ceará (MP-CE) através de um oficio.
O pedetista ainda destaca que, em 48 horas, “muitas pessoas” podem morrer por falta de atendimento. “Eu vou aguardar 48 horas, o que já é um espaço de tempo onde muitos podem morrer porque não há atendimento, ou pode haver óbito porque se quer a pessoa, após ver a noticia da suspensão de atendimento, foi ao hospital. Eu vou esperar a atitude o MP que está acompanhando tudo de perto, mas se a situação não for resolvida, eu irei sim entrar com uma denúncia”, pontuou.
De acordo com a assessoria do HGF, o hospital recebeu, nos últimos três dias, uma demanda além da capacidade da unidade. Em ofício, a direção aponta que, na última segunda-feira (12) havia 64 pacientes no setor de emergência, o que levou à suspensão do atendimento para novos pacientes.
Para Heitor, a administração do novo governador começa “mal”. “Em uma área como essa, todos os esforços devem ser feito para que o hospital não pare nunca. Se o hospital está sem capacidade, transfere o paciente. Basta que o HGF capte o paciente e envie para outro hospital que tenha convênio. A emergência não pode ser fechada porque está se negando ao primeiro atendimento”, criticou Heitor. O HGF tem convênio com outros quatro hospitais da Capital: Hospital Geral Dr. Waldemar Alcântara, Hospital Fernandes Távora, Hospital da Polícia Militar e Santa Casa de Misericórdia de Fortaleza.
A deputada Fernanda Pessoa (PR) também considera a situação do HGF como uma falha do governo, no entanto ela pondera que a administração do hospital, que ainda é a mesma do governo Cid Gomes (Pros), poderia ter aproveitado melhor o convênio com outros hospitais. “A nossa preocupação é que o governo do Estado fez convênio com outros hospitais que tem leitos disponíveis para atender, então, se o HGF não tem disposição, os outros têm. Eu sei que o governador está assumindo agora, mas nesse momento de transição, eles não podem deixar a população a “míngua”. Eu considero uma falha do governador, pois ele deveria está à frente de todo esse problema”, pontuou.
Ela destaca a competência do recém-empossado secretário de Saúde do Estado, Carlile Lavor, no entanto, aponta que essa é a oportunidade que a nova gestão tem de mostrar a preocupação com o setor da saúde e resolver o problema “o mais rápido possível”. “A saúde é um dos setores que tem pressa, não pode estar sendo deixado para depois, tem que ser resolvido para já. O governador e o secretário de Saúde tem que estar dentro do hospital, abrir as portas, dar o jeito deles, uma pessoa entre a vida e a morte não pode esperar”, exalta Fernanda.
PISCINÃO
Alguns deputados estaduais visitaram o HGF no final de novembro do ano passado, com o objetivo de verificar o funcionamento do “piscinão” – nome dado a superlotação que a unidade enfrentou na época. A deliberação foi tomada durante sessão plenária da Assembleia Legislativa, após a deputada Fernanda Pessoa apresentar denúncia de que o “piscinão” havia se transformado no “varandão”. Ela disse, que a gestão da Saúde teria apenas subido as macas que estavam no térreo para o segundo andar do hospital.
Na época, ao assumir a Secretaria de Saúde, o então secretário Ciro Gomes prometeu acabar com o “piscinão” HGF em até 90 dias, afirmando que não iria admitir entraves que dificultem o investimento na saúde.
Durante a visita, os deputados constataram “melhorias no atendimento, além da ampliação dos leitos do hospital e a contratação de leitos em hospitais de referência”, como o Waldemar Alcântara.