Centenário
A política tem sabores e dissabores. Tristezas e alegrias, permeadas muitas vezes de injustiças. Getúlio e Juscelino e tantos outros, foram vítimas da política. Entre nós, Murilo Aguiar, cujo centenário de nascimento seria comemorado agora em 2014. E o foi, mas em memória, porquanto Murilo faleceu em 1985. Político de muitos mandatos legislativos - três ao todo- construiu trajetória política no Camocim, onde foi prefeito, comerciante e deputado sempre bem votado para a Assembleia Legislativa.
Sentiu na pele o aguilhão da violência política ao ser cassado pelo Ato Institucional nº 5, quando exercia pela segunda vez o mandato de deputado. O motivo simplório foi o de empreguismo. Naqueles tempos de um Ceará ainda mais pobre, castigado por secas periódicas, como político atuante buscava atender os eleitores, quanto à saúde, à educação e, efetivamente, diligenciando empregos para os carentes de ocupação. Mas se a cassação política o atingiu injustamente, bem como a outros, nem por isso a violência abateu o ânimo do destemido político da Zona Norte do Estado. De volta para o seu Camocim, retomou as atividades comerciais, onde soube conservar a amizade dos eleitores. Com a abertura do regime, após 13 anos de segregação, Murilo retorna à Assembleia, em 1982. Contava 71 anos. Faleceu de infarto decorrente de traiçoeira eleição para a presidência da Casa. Os festejos do centenário constaram de missa na Igreja das Missionárias, de sessão solene na Assembleia e homenagens na terra natal, incluindo o lançamento de livro sobre o saudoso aniversariante, de autoria de Ângela Barros Leal.
Eduardo PontesJornalista e Administrador