Sede da ABC, empresa que opera créditos consignados e está na berlinda
FOTO: KLEBER A. GONÇALVES
Marcada para a manhã de ontem, a reunião que deveria formalizar a notificação da rescisão do contrato entre a Administradora Brasileira de Cartões (ABC) e o Governo do Estado não ocorreu. A empresa responsável por administrar os empréstimos consignados oferecidos a servidores estaduais enviou à sede da Secretaria do Planejamento e Gestão (Seplag) nota justificando a ausência. A ABC alega não ter sido informada, até então, sobre o que motiva a quebra do contrato entre as partes. Mesmo com a ausência da empresa, a rescisão está confirmada, garante o secretário Eduardo Diogo.
O encontro seria o primeiro passo para o chamado “período de transição”, dentro do qual o Governo do Estado promete formular novo sistema de oferta de crédito consignado para os servidores. Nesse novo modelo, a Seplag prevê que serão cobrados juros inferiores aos atuais.
Por causa da ausência do diretor superintendente da ABC, Bruno Barbosa Borges, à reunião de ontem, o secretário Eduardo Diogo teve de encaminhar nova notificação à empresa, detalhando as razões que levaram o governo a decidir pela quebra contratual. “Não há irregularidade nenhuma no contrato. Decidimos rescindir porque entendemos que chegou o momento de aperfeiçoarmos o modelo”, justificou o secretário, ressaltando que não há qualquer ligação entre a rescisão e as denúncias de que o contrato beneficiaria o genro do secretário-chefe da Casa Civil do Governo do Ceará, Arialdo Pinho.
Segundo Diogo, a ABC permanecerá, pelos próximos 90 dias, prestando serviço ao governo. Nesse ínterim, no próximo dia 25, haverá audiência pública com os servidores públicos para discutir o novo sistema de empréstimos consignados. “Já temos o entendimento de que é possível reduzir a taxa de juros. Diante disso, vemos que chegou o momento de mudar o modelo. Quem sabe adotamos um novo serviço que seja referência no Brasil”, sugeriu o secretário, insistindo que não há irregularidade no atual contrato.
A ABC é investigada por ter contratado as empresas Promus e CCI - que pertencem a Luiz Antônio Valadares, genro de Arialdo Pinho - para intermediar os empréstimos consignados feitos por servidores do Estado. Segundo o deputado Heitor Férrer (PDT), responsável pelas denúncias, há “tráfico de influência” na relação entre as empresas, envolvendo o Governo do Estado. O caso é investigado pelo Ministério Público Estadual (MPE).
O secretário Eduardo Dio-go também esclareceu, na ma-nhã de ontem, que a quebra de contrato com a ABC não mudará os empréstimos já firmados. “O acordo que foi feito, está feito”, disse ele, descartando a possibilidade de renegociação das dívidas.
Por meio da assessoria, a ABC informou que, por enquanto, não irá se pronunciar.
Por quê
ENTENDA A NOTÍCIA
O Governo do Estado decidiu pela quebra de contrato com a ABC, prometendo oferecer novo modelo de empréstimo consignado para os servidores públicos estaduais, com redução das taxas de juros. SERVIÇO
Audiência pública para discutir o novo modelo de crédito consignadoQuando: Dia 25/4 (quarta-feira), às 10 horasOnde: Seplag (Av. Gal Afonso Albuquerque Lima, s/n, Cambeba)