Deputado Professor Pinheiro ressalta o programa criado no Ceará, o Paic, hoje adotado nacionalmente, após o seu reconhecimento
FOTO: JOSÉ LEOMAR
A evasão de alunos do ensino médio no Ceará e os reflexos das políticas públicas implementadas pelo governador Cid Gomes (PROS) foram tratados, na manhã de ontem, pelos deputados Lula Morais (PCdoB) e Professor Pinheiro, durante pronunciamentos na Assembleia Legislativa. Destacando a matéria de capa da edição de ontem do Diário do Nordeste, que tratou sobre o tema, o parlamentar lamentou que quase a metade dos jovens entre 15 e 17 anos não concluam o ensino médio no Ceará.
Os números apontados pelo deputado são resultado da pesquisa realizada pela Coordenação do Programa de Pós-Graduação em Economia da Universidade Federal do Ceará (Caen/UFC), com base nas informações do Sistema Permanente de Avaliação da Educação no Ceará (Spaece) 2008 e do Censo Escolar do mesmo ano. Segundo o deputado, ele procurou a repercussão que o ensino médio teve no Estado, tendo em vista as medidas tomadas pelo governo nos últimos anos.
Comentando sobre as descobertas da pesquisa, Lula destacou que a evasão e a repetência escolar estão interligados e são as principais causas para o Estado não alcançar um percentual maior de alunos concludentes do ensino médio. "Entre as causas da evasão, estão a repetência escolar, a distorção entre idade e série, o nível escolar dos pais e a falta de motivação e integração, o desejo de alcançar a independência financeira (principalmente entre os homens) e a dificuldade de deslocamentos", citou.
Consistente
Como motivo para a repetência dos estudantes, o parlamentar apontou a falta de motivação, a má qualidade do ensino e, consequentemente, a formação do aluno. "Sem falar na violência urbana, tráfico de drogas e gravidez precoce", pontuou. Lula destacou, entretanto, que os beneficiados do programa Bolsa Família têm chances 12% menores de repetir ou evadir-se da escola em relação aos demais estudantes pesquisados.
O deputado ainda destacou que, segundo um estudo produzido pelo Banco Mundial, o Brasil gasta cerca de R$ 11 milhões por ano com estudantes que repetem o ano. "Veja a economia que se faria se diminuísse (a repetência)". "O Ceará, apesar de pobre, tem adotado estratégias para evitar evasão e repetência, como aumento de escolas em tempo integral, o oferecimento de estágios, campanhas para melhorar a escola, incentivos a professores e diretores".
Segundo o parlamentar, de 2008 para cá, o Ceará aumentou de 40% para 54% a porcentagem dos que concluem o ensino médio. Ele afirmou ainda que o Ceará deu um salto, tornando-se equiparável à média do Brasil e o primeiro do Nordeste com relação a melhoria dos números do ensino médio.
Para o deputado Professor Pinheiro (PT), que destacou a pesquisa feita pelo IBGE sobre a alfabetização no País, "o analfabetismo caiu de forma consistente e, segundo o Instituto, havia 13,63 % de não alfabetizados na população acima de 15 anos, em 2000. Em 2013, os números caíram para 8,3%", destacou o parlamentar, em referência a dados de abrangência nacional.
Reconhecendo que o número de analfabetos ainda é alto, o parlamentar ponderou que há um processo de declínio do analfabetismo no País. Endossando o pronunciamento de Lula a respeito da importância do Paic, Pinheiro lembrou que jovens concluíam a oitava série analfabetos. "Isso foi reduzido drasticamente no Ceará e foi tão positivo que Governo Federal utilizou como programa nacional. O Paic é o programa nacional de redução do analfabetismo", destacou.