Dilma entre Camilo e Cid, ontem, no Planalto. Atual governador levou seu sucessor eleito em périplo por Brasília, para abrir portas com principais interlocutores
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Governador saiu da reunião com Dilma afirmando que vai trabalhar pela formação de um bloco ou de um novo partido que diminua pressão do maior aliado do governo federal. “Muitas vezes beira até a chantagem”, disse Cid O governador Cid Gomes (Pros) levou ontem à presidente Dilma Rousseff (PT) a proposta de criação de um partido ou bloco partidário à esquerda, que permita ao Governo Federal diminuir a dependência do PMDB. A iniciativa surge no momento em que o líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), trabalha para formar “blocão” para tentar se eleger presidente da Casa, contrariando o PT.
LEIA TAMBÉMInstalação da refinaria não será adiada, diz Dilma, segundo governoBlocão se articula para pressionar Dilma e quer eleger Cunha na CâmaraAcompanhado do governador eleito Camilo Santana (PT), Cid conversou com Dilma, em Brasília. A ideia seria concretizada com a fusão em uma nova legenda de siglas como Pros, PCdoB e PDT, ou com aliança desses e de outros partidos para compensar a força do PMDB.
“Isso ajuda na governabilidade e reduz aí o espaço da pressão que muitas vezes beira até a chantagem”, disse Cid, ao sair da reunião no Palácio do Planalto. Ele não falou a opinião de Dilma sobre a proposta.
O governador afirmou que a nova legenda poderia agregar inclusive parlamentares de seu partido anterior, o PSB, e do Psol (que, no Ceará, é oposição a Cid). “Eu penso que há pessoas insatisfeitas neste arco de esquerda, acho que há gente insatisfeita no PSB. Até no Psol”.
Dificuldades para Dilma
Segundo Cid, Dilma enfrentará dificuldades no segundo mandato e poderá sofrer represália de aliados por causa da última eleição.
“Penso que o governo dela tem em 2015 um ano de muita contenção de despesas, de ajuste fiscal muito forte. Acho que nesses dois meses ela vai passar por grandes dificuldades por conta de sentimentos raivosos, de vendeta, que atribuem a ela insucessos eleitorais, injustamente. Quero ajudá-la nisso, para reduzir um pouco as estratégias dos que querem prejudicá-la, prejudicar o País, prejudicar o governo”.
Pedido de “calma”
O ministro Ricardo Berzoini (Relações Institucionais) pediu ontem “calma” a líderes aliados na discussão sobre a presidência da Câmara. A eleição é em fevereiro.
O Planalto está preocupado com a movimentação do líder do PMDB, Eduardo Cunha (RJ). Ele já costurou apoio de sua bancada e ofereceu ontem almoço reeditando o chamado “blocão” da Câmara para consolidar sua candidatura. O “blocão” reúne partidos como PR, PSC, PTB e Solidariedade, que no início do ano impuseram derrotas ao Planalto na Casa.
O PT pretende lançar candidato contra Cunha, mas também pode apoiar nome de outra sigla para tentar diminuir tensão com o PMDB. Em reunião recente da cúpula petista, um líder teria defendido que “qualquer deputado” seria melhor que Cunha. (da Folhapress)
Saiba mais
Os presidentes do PDT e do PCdoB no Ceará disseram concordar com a formação de bloco, mas não com a fusão dos partidos.
“Temos conversado na perspectiva de formarmos inicialmente um bloco”, afirmou o deputado federal André Figueiredo (PDT) ao Blog do Eliomar.
“Fusão, não. O PCdoB tem programa e objetivo próprios”, declarou Luis Carlos Paes.
Vice-presidente nacional do PT, o deputado federa José Guimarães (CE) elogiou a proposta de Cid. “É um problema grave essa disputa entre o governo e parte do PMDB”.