Lula Morais criticou deputados federais que justificaram o voto contra o decreto presidencial por temerem uma "revolução bolivariana"
FOTO: HELOSA ARAÚJO
A derrubada do decreto presidencial que estabelecia políticas de participação social nas decisões administrativas do País foi duramente criticada, ontem, pelo deputado estadual Lula Morais (PCdoB). Segundo ele, diferentemente do que disseram deputados federais, a medida não retira o poder do Congresso nem reduz sua legitimidade.
Conforme defendeu Morais, a matéria visava a colaborar com a elaboração de políticas para a população. Ele aponta que a ação dos legisladores em Brasília vai de encontro ao Artigo 1º da Constituição Federal, que assegura que todo poder emana do povo que o exerce por meio de representação ou diretamente.
Morais reclamou do argumento de "revolução bolivariana" no Brasil utilizado por alguns deputados que votaram contra a proposta. "Isso não é verdade (...) Isso em nada condiz com nossa realidade", afirmou.
O parlamentar declarou que, apesar dos posicionamentos contrários dos deputados federais, a presidente Dilma Rousseff conseguiu maior aproximação com a população. "Quem ficou mal na fita foi quem votou contra o projeto, pois eles foram eleitos pelo povo e na hora H deram as costas mais uma vez", lamentou.
Sobre a participação popular, Lula Morais argumenta que nem todas as regras devem ser decididas por parlamentares. Ele ponderou que é obrigatório que as leis sejam votadas e aprovadas pelo Parlamento, mas destacou que a discussão pode ser feita com a população. "É extremamente importante que em assuntos polêmicos as pessoas sejam ouvidas. Esse projeto de comitês populares poderia ser discutido com a sociedade", defendeu.
Corrigir rumos
O deputado Heitor Férrer (PDT) concordou com o colega no que diz respeito a uma maior participação popular junto aos interesses da sociedade. O pedetista diz ter recebido vários e-mails ao longo de sua vida pública para "corrigir rumos". Como exemplo, destacou o episódio recente em que foi acusado de defender, no município de Lavras da Mangabeira, os nomes de Camilo e Dilma para os governos estadual e federal.
"Isso é experiência, por pura inocência, porque cometemos erros. E os eleitores vêm tocar na ferida para que possamos corrigir rumos (...) O eleitor sempre está com razão", afirmou.
Férrer ressaltou ainda que as entidades civis e organizadas podem servir à população. "O fato é que precisamos de uma reforma política. Não podemos continuar nessa desproporção, nessa desigualdade no processo de eleição no Brasil", opinou.
O pedetista acrescentou que a eleição no País não é democrática, porque para concorrer a uma vaga de deputado estadual é preciso muito dinheiro ou ser bancado por partidos políticos.