A quatro dias para as eleições, os candidatos ao Governo do Ceará partem para a ofensiva. Além de intensificarem suas agendas de campanha, onde deverão ser cumpridas até um dia antes do pleito, que ocorrerá no próximo domingo (5), troca de farpas, desconstrução de imagens, bate-bocas e destaques a escândalos políticos e denúncias dos candidatos, vão fazer parte da estratégia para se conquistar mais eleitores nesta reta final. O ponto alto da exibição dos postulantes vem sendo, principalmente, os debates nas TV’s programados para os últimos dias de campanha.
O debate, que segue muitas vezes para o campo do não construtivo, é explicado quando se pensa que, dentre os próximos dias, o Estado do Ceará, que possui uma das economias mais diversificadas do Nordeste e em ascensão, com um PIB para ser administrado a partir do próximo ano em cerca de R$ 105 bi, ganhará um novo rumo político.
Os debates nas TV’s aparecem como os principais palcos para os candidatos angariarem mais votos, principalmente de eleitores indecisos e os que apontam nas pesquisas que votarão nulo. Nos últimos dias, os concorrentes que lideram as pesquisas de intenção de voto, Camilo Santana (PT) e Eunício Oliveira (PMDB) têm subido o tom das críticas e o número de ações judiciais. Já Eliane Novais (PSB) e Ailton Lopes (Psol) também buscam chamar a atenção dos eleitores, enaltecendo a realidade dramática da segurança pública, além de falhas na saúde e na geração de emprego. Eles também aproveitam o espaço e o contato olho no olho, sobretudo questionando e criticando os adversários sobre os escândalos passados
Para a cientista política, socióloga e professora universitária, Carla Michele Quaresma, os ataques na reta final de campanha já eram esperados. “É o momento do vale-tudo. Eles vão lançar mão de todas as armas que estiverem disponíveis, para tentar ganhar a eleição no primeiro turno”, ressaltou.
Para a cientista, “é uma tentativa de decidir o pleito no primeiro turno”, as inserções da coligação “Ceará de Todos”, do candidato ao Governo, Eunício Oliveira (PMDB), que mostra a polêmica envolvendo o desvio de dinheiro público na construção de kits sanitários, por meio de convênios entre organizações não governamentais e a Secretaria das Cidades, em gestões anteriores à de Camilo Santana.
Segundo ponderou, apesar de os candidatos terem propostas semelhantes, os ataques podem representar “um diferencial”, na tentativa de mobilizar as questões morais e sensibilizar os eleitores indecisos.
Já o professor e cientista político e coordenador do curso de Ciências Sociais da Universidade de Fortaleza (Unifor), Francisco Moreira, diz que os debates eleitorais serão cada vez mais agressivos, e os candidatos deixarão de lado o mais importante, que é o debate sobre de que forma e como o Estado deveria ser administrado. “Virou um bate-boca, acusações”, frisou, ressaltando que, desta forma, os eleitores não são esclarecidos sobre as propostas. “Fica até difícil saber o que é verdade. Algumas acusações ninguém sabe se tem fundamento, até nisso a dúvida fica”, disse, dando conta de que o eleitor não tem parâmetros para julgar o que está sendo dito.
Para cientista, afastamento de Cid do Governo é considerado grave. Com relação ao afastamento do governador do Estado, Cid Ferreira Gomes (Pros) para dedicar-se a campanha de seu candidato ao Governo, Camilo Santana (PT), a cientista política, socióloga e professora universitária, Carla Michele Quaresma, avalia que, para que Cid saia do segundo mandato com uma imagem mais positiva, nesse, momento, o governador deveria estar trabalhando de maneira enérgica, para minimizar problemas relacionados com a seca, saúde e insegurança. A estudiosa destaca ainda que, por outro lado, Cid tem o seu candidato a governador e é o maior cabo eleitoral do Estado. “Obviamente, ele tem o poder na mão, tem capacidade de barganha, de negociação, e ele passa a ser uma peça fundamental nesse momento para tentar levar a campanha para o segundo turno”, ressaltou.
Para Carla Michele, a ausência de Cid Gomes é considerada um fato “grave”, tendo em vista que apesar do presidente do Tribunal de Justiça do Ceará (TJ-CE), desembargador Luiz Gerardo de Pontes Brígido, se faz necessário nesse momento em que o Estado passa por tantos problemas, ter alguém que entenda como a máquina funciona. “Em um momento que é caótico, de crise, ter o afastamento do governador e acaba assumindo uma pessoa que está fora do Executivo e talvez não conheça as políticas que estão sendo adotadas e nem qual o encaminhado que deveria ser dado esta seman ”, ponderou.